Volta ao mundo por ouvir-dizer: redes de informação e a cultura geográfica do Renascimento
AUTOR(ES)
Gomes, Plínio Freire
FONTE
Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009-06
RESUMO
Este artigo elucida que, ao privilegiar a observação, a curiosidade e a busca de aprimoramento intelectual, a cultura do Renascimento é um fator determinante na criação do viajante moderno. Outra peculiaridade do período reside na transformação do conhecimento geográfico em foco de interesse estratégico. Mas o segredo oficial, preservado pelas "casas de contratação", passou por um contínuo processo de corrosão. A necessidade das Coroas ibéricas de ratificar a posse sobre os novos territórios coloniais tornava a divulgação tão importante quanto o silêncio. Além disto, a experiência dos Descobrimentos foi assimilada por informantes de segunda-mão e transmitida através de canais diplomáticos e comerciais, numa trama que se ramificou por toda Europa. Tal organismo coletivo e não-oficial, que hoje chamaríamos de "rede", colocou dados relativos à Ásia, África e América à disposição dos cosmógrafos, e constituiu assim o núcleo fundamental da cartografia quinhentista. O artigo tenta mostrar que o fluxo do saber geográfico no período dos Descobrimentos caracterizou-se pela prática quase irrestrita da cópia e pela configuração informal e internacional do seu circuito de consumo.
ASSUNTO(S)
descobrimentos cosmografia política de segredo propaganda cartografia quinhentista redes de conhecimento informais historia da cartografia
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