Vogais postônicas não-finais: do sistema ao uso

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

O presente trabalho descreve o comportamento variável das vogais postônicas mediais, em nomes, no dialeto da cidade de Sapé, localizada no interior do estado da Paraíba. Nesse contexto, objetivaram-se duas análises: uma variacionista, a fim de verificar os efeitos do apagamento da vogal postônica medial e comparar os resultados com outros estudos de mesma natureza. Para tanto, foram adotadas as propostas teóricas de Labov (1972) e de Weinreich, Labov e Herzog (1968). A segunda análise, de caráter fonológico, visou analisar os processos desencadeados ora pela resistência à síncope o alçamento e o arredondamento das vogais postônicas mediais, a partir da discussão de Câmara (2002 [1970]) e de Battisti e Vieira (2005) ora pela ocorrência da síncope: assimilação, ressilabação e reestruturação dos pés, a partir de dois modelos teóricos da Fonologia Métrica: o de Selkirk (1982), sobre sílaba, e o de Hayes (1995), sobre o acento. Sob a égide da Sociolinguística Variacionista, analisaram-se, estatisticamente, as variáveis linguísticas e sociais que favorecem o apagamento da vogal postônica medial. Os resultados foram comparados com os de outros trabalhos que tiveram por objetivo investigar o mesmo fenômeno, porém com dados de fala de outras regiões do Brasil. Constatou-se que o fator ano de escolarização é o mais relevante no processo de apagamento da vogal postônica medial em três dos quatro trabalhos em estudo, assim como o contexto fonológico seguinte, que foi tido por todos como sendo o mais propício ao processo aqui em estudo. Porém Amaral (1999) e Lima (2008) apontam a líquida vibrante como a mais favorecedora do processo de apagamento, ao passo que Silva (2006) e Ramos (2009), a líquida lateral. Assim sendo, depois de ocorrer o processo de apagamento da postônica medial, o segmento consonantal restante após o apagamento é incorporado ora à sílaba tônica, ora ao ataque da sílaba átona final, por meio da ressilabação, o que provoca uma reestruturação dos pés silábicos, transformando-as em palavras paroxítonas, como, respectivamente, em: música ~ musca e xícara ~ xicra. Quando não ocorre esse apagamento, as vogais [e] e [o] postônicas mediais sofrem processos de abertura, como por exemplo, em a.bó.b[o].ra ~ a.bó.b[o].ra, e de alçamento, em ár.v[o].re ~ ár.v[o].re. É por esse processo de assimilação que um segmento assimila características do segmento precedente, como em fizica ~ fizga, e/ou do segmento seguinte, como em música ~ musca.

ASSUNTO(S)

teoria variacionista fonologia métrica vogais postônicas mediais proparoxítona apagamento linguistica variation theory metrical phonology medial post-stressed vowel

Documentos Relacionados