Violência intrafamiliar contra a mulher : aspectos individuais, conjugais e familiares

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A violência conjugal contra a mulher, também denominada violência doméstica, tem se apresentado como um grave problema social. Trata-se de um assunto constante na mídia e tem se convertido em alvo de políticas públicas e iniciativas privadas. É um problema que afeta o cotidiano e perpassa todas as classes sociais de todos os tempos, além de possuir proporções epidêmicas e custo social elevado. Um marco importante na luta contra esse tipo de violência foi a Lei Maria da Penha, sancionada em 7 de agosto de 2006, que cria e estabelece mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra as mulheres. O presente trabalho teve como objetivo estudar alguns aspectos individuais, conjugais e familiares de homens e mulheres envolvidos em violência conjugal, identificando os tipos de violência presentes na família atual e de origem, as condições em que ocorreu a denúncia de violência, os motivos alegados para a agressão, a estrutura familiar, o ciclo de violência e a percepção dos participantes sobre a Lei Maria da Penha. Privilegiouse o referencial da pesquisa qualitativa, utilizando a metodologia do grupo focal. Participaram da pesquisa três mulheres e três homens, encaminhados pela Justiça de Brasília/DF, divididos em dois grupos: um grupo feminino e um grupo masculino. Foi realizada uma entrevista individual com cada participante para levantar dados sobre a história de vida. Houve, ainda, quatro encontros com cada grupo, cuja duração foi de duas horas, realizados no Centro de Formação em Psicologia Aplicada da Universidade Católica de Brasília UCB. Os encontros, bem como as entrevistas, foram filmados e gravados. Os temas discutidos foram: como aconteceu o envolvimento dos participantes com a justiça, a identificação de padrões repetitivos na família de origem e atual, como exercem a educação dos filhos, a descrição do ciclo de violência e a percepção que têm da Lei Maria da Penha. Pelas respostas emitidas foi possível identificar a existência das violências física, psicológica e, em um caso, a sexual nos relacionamentos conjugais dos participantes. Constatamos que os homens se sentem autorizados a praticar o ato violento por avaliarem que também são agredidos por suas mulheres. Quando interrogadas em relação a seu papel na estimulação da agressividade dos homens, as mulheres colocaram-se em posição de vítimas, porém, não negaram que também são violentas com os seus parceiros. É relevante mencionar que os participantes os quais identificaram existir uma história pregressa de violência na família de origem, observaram padrões semelhantes de funcionamento na família atual. Outro ponto identificado, nos relatos das participantes, é que tendo feito parte de uma família em que a violência era constante, a possibilidade de rompimento com o agressor se torna mais difícil. No que tange à percepção que possuem sobre a Lei Maria da Penha, o grupo feminino afirmou que está se sentindo mais amparado e o grupo masculino reclamou que a Lei só traz proteção à mulher. Em todos os casos, a denúncia foi apresentada pelas mulheres que sofriam violência por parte de seus companheiros e os motivos alegados para o comportamento violento dos homens foram ciúmes, indiferença, interferência da companheira no tipo de tratamento dispensado pelo pai aos filhos e provocação.

ASSUNTO(S)

couple ciências sociais aplicadas casal violência conjugal violência intrafamiliar matrimonial violence família family inner-family violence

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