Violência contra pacientes com transtorno mental no Brasil: diferenças por sexo em estudo transversal

AUTOR(ES)
FONTE

Arch. Clin. Psychiatry (São Paulo)

DATA DE PUBLICAÇÃO

2013

RESUMO

OBJETIVOS: Pacientes com transtorno mental estão mais expostos à violência do que a população em geral. Este estudo avaliou os fatores associados à violência física na vida contra esses pacientes, por meio de análise estratificada por sexo, no Brasil. MÉTODOS: Trata-se de estudo multicêntrico nacional transversal, com amostra representativa de 2.475 pacientes selecionados aleatoriamente de 26 serviços públicos de saúde mental. A regressão logística foi utilizada para avaliar os fatores associados à violência física, e odds ratio brutos e ajustados (ORa), com intervalo de 95% de confiança, foram estimados. O nível de significância considerado foi de 0,05. RESULTADOS: A prevalência na vida de violência física contra pacientes com transtornos mentais foi semelhante para mulheres (57,6%) e homens (57,8%). A violência física contra as mulheres esteve independentemente associada com: internações psiquiátricas anteriores (ORa = 2,09), histórico de doença sexualmente transmissível (ORa = 1,75), histórico de uso de álcool (ORa = 1,59), idade de iniciação sexual (< 16 anos) (ORa = 1,40), histórico de sexo sob efeito de drogas/álcool (ORa = 2,08), ter recebido/oferecido dinheiro por sexo (ORa = 1,73) e histórico de encarceramento (ORa = 1,69). Entre os homens, os fatores associados foram: idade (18-40) (ORa = 1,90), histórico de morar na rua (ORa = 1,71), internação psiquiátrica anterior (ORa = 1,39), histórico de doença sexualmente transmissível (ORa = 1,52), histórico de consumo de álcool (ORa = 1,41), uso na vida de maconha ou cocaína (ORa = 1,54), ter recebido/oferecido dinheiro por sexo (ORa = 1,47), histórico de encarceramento (ORa = 2,07). CONCLUSÃO: A prevalência de violência física nessa população foi elevada para ambos os sexos. Embora haja fatores semelhantes independentemente associados à violência física entre homens e mulheres, há diferenças importantes, tais como a idade de início da vida sexual e o sexo sob uso de drogas/álcool para mulheres, mas não para os homens. Já para os homens, mas não para as mulheres, o histórico de morar na rua e o uso de maconha ou cocaína na vida estiveram associados ao evento. Triagem para a história da violência na admissão e intervenções precoces para diminuir a vulnerabilidade são necessárias nos serviços públicos de saúde mental no Brasil.

ASSUNTO(S)

violência física prevalência gênero sexo doença mental estudo multicêntrico vulnerabilidade epidemiologia brasil

Documentos Relacionados