ViolÃncia conjugal sob o olhar de gÃnero / Marital violence in the gender perspective

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

07/08/2008

RESUMO

Como docente de enfermagem, com uma prÃtica voltada para a atenÃÃo à saÃde da mulher, percebemos evidÃncias de violÃncias praticadas contra elas de diversos tipos. O que nos instigou a pesquisar foi a violÃncia conjugal. O modo como à vivenciada, as conseqÃÃncias à saÃde, os modos de enfrentamento ou de aceitaÃÃo, foram nossas indagaÃÃes a priori. Por entendermos que os papÃis sociais que homens e mulheres assumem nas relaÃÃes conjugais influenciam a vivÃncia da violÃncia conjugal, defendemos a tese de que a mulher submetida a este fenÃmeno age conforme os sistemas de valores construÃdos socialmente. Utilizamos alguns conceitos da HermenÃutica de Gadamer, enquanto atitude filosÃfica, por entendermos que enquanto indivÃduos possuÃmos uma consciÃncia histÃrica, estamos submetidas Ãs questÃes de uma Ãpoca e temos limites dados pela realidade social. Este estudo de abordagem qualitativa, foi realizado com onze mulheres vinculadas à Prefeitura Municipal de JoÃo Pessoa/PB, atravÃs da Coordenadoria Especial de PolÃticas para as Mulheres. Os dados empÃricos foram produzidos atravÃs de oficinas de Arte-terapia, buscando-se a compreensÃo da vivÃncia de violÃncia atravÃs dos discursos das mulheres. Para a composiÃÃo das categorias analÃticas utilizamos a tÃcnica de anÃlise temÃtica de conteÃdo. A anÃlise do material empÃrico foi feita com base nos constructos da categoria gÃnero presentes no cotidiano dessas mulheres em situaÃÃo de violÃncia conjugal. Os resultados mostraram que a violÃncia conjugal representa para as mulheres medo e aprisionamento. Sobre a posiÃÃo que as mulheres ocupam com relaÃÃo à violÃncia, o enfrentamento foi a atitude predominante, o que inaugura âuma nova posiÃÃoâ da mulher. Elas denunciaram a omissÃo nos serviÃos de saÃde, sinalizando para a transversalidade do gÃnero nas polÃticas de pÃblicas e nas aÃÃes de saÃde como estratÃgia positiva no enfrentamento do problema. As violÃncias sofridas foram dos tipos fÃsica, psicolÃgica e sexual, mostrando-se atravÃs de empurrÃes, espancamentos, tapas, uso forÃado de substÃncias, fraturas e nudez, repercutindo em comprometimento funcional temporÃrio de membros, na saÃde, no trabalho, no bem-estar pessoal e famÃlia. A ansiedade, depressÃo, baixa auto-estima, insÃnia, aumento da dependÃncia e diminuiÃÃo das respostas para o enfrentamento da violÃncia foram associadas aos abusos psicolÃgicos exercidos nas formas de controle e imposiÃÃo do isolamento. O estupro conjugal foi uma modalidade de violÃncia sexual usada pelo agressor como instrumento de puniÃÃo e de controle da sexualidade feminina. A partir destes resultados constatamos que os modos de significar, de vivenciar e de reagir à violÃncia, guardam estreita relaÃÃo com as questÃes de gÃnero presentes em nosso meio cultural. Ao nos aproximarmos do mundo da mulher em situaÃÃo de violÃncia conjugal e sob tutela do Estado, conseguimos compreender o universo de dor, desalento, desespero, medo, humilhaÃÃo e tantos outros sentimentos e respostas vivenciados por cada uma delas. Na convivÃncia e partilha de suas dores e desencantos, tambÃm, descobrimos a mulher guerreira-sobrevivente-resistente-sonhadora-trabalhadora-sensÃvel-forte..., que chora, e que ri, e tem esperanÃa, e canta e sonha, talvez mais um âsonho impossÃvelâ

ASSUNTO(S)

omission violÃncia contra a mulher enfermagem enfermagem direitos humanos violÃncia domÃstica mulher violÃncia conjugal omissÃo nursing human rights domestic violence woman marital violence

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