Viagem aos sertões enunciados: comphigurações do oeste de Minas Gerais

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo investigar as relações históricas dos homens com o espaço considerado não apenas como suporte da memória, mas como noção que possibilita aos seres humanos tomar consciência do mundo, de si e dos outros quando transformado em lugar, paisagem, território, região. O ponto de partida da análise foi identificar as formas de enunciação das relações dos homens com um espaço específico de Minas Gerais, o oeste de Minas, em busca das relações sociais e históricas nele e por meio dele tecidas. Processo pelo qual se estabelecem os limites espaço-temporais e as fronteiras entre o eu, o nós e os outros. Através da análise e interpretação de fontes de informação diversas (cartas geográficas, jornais locais, documentos oficiais de governo, obras literárias incluindo-se a literatura de viagem e os relatos de memória a produção especializada das ciências humanas e sociais, arquivos privados e eclesiásticos) procurou-se apreender tanto as condições espaciais de socialização quanto as condições sociais de diferenciação do espaço, na sua constituição histórica como região de Minas Gerais, atentando-se para a função das representações desse espaço específico na instituição de processos de identificação/diferenciação sociais. Os resultados obtidos são apresentados como uma viagem tramada em três capítulos. Primeiro, apresenta-se e se discute os critérios de seleção das fontes de informação. Em seguida, procura-se analisar as tramas sociais que instituíram e que foram instituídas na produção dessas fontes pelas quais se enunciam as relações dos homens com o oeste de Minas, consideradas numa escala ampliada, desde o século XVIII. Por fim, propõe-se uma mudança na escala de análise, ainda que na longa duração, como estratégia teórico-metodológica para se apreender as dinâmicas do processo de identificação e diferenciação social transitando entre as especificações e as generalizações do oeste de Minas. Para tanto, propõe-se contrapor as tramas de regionalização (condensadas na categoria oeste de Minas) às tramas de generalização e homogeneização do espaço (condensadas na categoria sertão). É quando se defende a idéia de que diferentes formas de representação do espaço podem implicar em diferentes posicionamentos sociais e políticos, o que sugere a necessidade de se repensar não apenas questões teórico-metodológicas envolvidas nas narrativas da história de apropriação do espaço brasileiro, mas também para a possibilidade de uma retomada crítica de nossa produção cultural, vinculada ao projeto incompleto da Modernidade. Portanto, defende-se que a análise de relações específicas do homem com o espaço corrobora a idéia de que as formas espaciais não são apenas resultado da ação recíproca entre os homens (Simmel), mas os seus conteúdos afetam a própria constituição da sociedade e, por essa razão, o espaço não pode ser tomado apenas como natureza virgem onde o homem trabalha (labora) para se manter vivo, mas como obra pela qual se fabrica a objetividade do mundo e a subjetividade humana, conferindo durabilidade à existência dos homens (historicidade), pelo verbo e pelo ato (Arendt).

ASSUNTO(S)

espaço e história oeste de minas gerais sertão modernidade historia história social - minas gerais minas gerais - história space and history west of minas gerais hinterland modernity

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