Veia paraumbilical pérvia: importância hemodinâmica na hipertensão portal por esquistossomose mansônica hepatoesplênica. (Estudo com ultra-sonografia Doppler)

AUTOR(ES)
FONTE

Arquivos de Gastroenterologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2001-10

RESUMO

Racional — As repercussões hemodinâmicas das vias de circulação colateral portossistêmica sobre o sistema portal, na hipertensão portal, ainda não foram devidamente esclarecidas. A ultra-sonografia Doppler possibilitou o estudo do sistema portal de modo não-invasivo mediante a caracterização do diâmetro dos vasos, da direção e da velocidade do fluxo sangüíneo. Objetivo - Estudar a veia paraumbilical mediante ultra-sonografia Doppler e avaliar sua repercussão na hemodinâmica do sistema portal, como via de circulação colateral portossistêmica. Método - Estudo do sistema portal, com ultra-sonografia Doppler, de 24 pacientes consecutivos com hipertensão portal por fibrose hepática devida à esquistossomose mansônica hepatoesplênica, hemorragia prévia por varizes do esôfago e veia paraumbilical pérvia com fluxo hepatofugal. Foram medidos o diâmetro e a velocidade média de fluxo na veia paraumbilical e a velocidade média de fluxo na veia porta e seus ramos direito e esquerdo. Foi realizado o teste de correlação linear entre a velocidade média de fluxo na veia porta com o diâmetro e a velocidade média de fluxo na veia paraumbilical. Os pacientes foram divididos em quatro grupos: D1 - veia paraumbilical com diâmetro <0,68 cm (n = 14); D2 - veia paraumbilical com diâmetro ³ 0,68 cm (n = 10); V1 - veia paraumbilical com velocidade média de fluxo <18,41 cm/seg (n = 13) e V2 - veia paraumbilical com velocidade média de fluxo ³ 18,41 cm/seg (n = 11). As médias e os desvios padrão da velocidade média de fluxo na veia porta e seus ramos direito e esquerdo destes grupos foram comparados. Resultados - O diâmetro da veia paraumbilical foi de 0,68 ± 0,33 cm (intervalo: 0.15 - 1.30 cm) e a velocidade média de fluxo de 18,41 ± 11.51 cm/seg (intervalo: 5.73 - 38,20 cm/seg). O teste de Pearson (correlação linear) da velocidade média de fluxo na veia porta com o diâmetro da veia paraumbilical foi de r = 0,504 e com a velocidade média de fluxo na veia paraumbilical foi r = 0,735. No grupo D2, comparativamente ao grupo D1, a velocidade média de fluxo foi maior na veia porta (22,3 ± 7,66 / 17,80 ± 3,42 cm/seg), assim como no seu ramo esquerdo (22,4 ± 7,92 / 16,00 ± 4,73 cm/seg). No grupo V2, comparativamente ao grupo V1, a velocidade média de fluxo foi maior na veia porta (21,96 ± 5,89 / 16,31± 3,49 cm/seg), assim como no seu ramo esquerdo (21,94 ± 7,20 / 14,22 ± 4.41 cm/seg). Não houve alteração no ramo direito da veia porta: 13,67 ± 5,74 / 15,43 ± 3.43 cm/seg. Conclusões - A veia paraumbilical com diâmetro ³ 0,68 cm e velocidade média de fluxo ³ 18,41 cm/seg provoca o aumento da velocidade média de fluxo na veia porta e seu ramo esquerdo. O aumento da velocidade média de fluxo na veia porta e seu ramo esquerdo pode ser interpretado como influência hemodinâmica da veia paraumbilical sobre o sistema portal. A velocidade média de fluxo na veia paraumbilical é mais sensível do que seu diâmetro para avaliar a influência desta veia sobre o sistema portal na hipertensão portal por esquistossomose hepatoesplênica. A presença de uma via de circulação colateral portossistêmica hemodinamicamente significativa, aumenta a velocidade de fluxo nas veias do sistema portal, proximalmente ao seu ponto de origem.

ASSUNTO(S)

veia paraumbilical sistema porta hipertensão portal esquistossomose mansoni ultra-sonografia doppler

Documentos Relacionados