Variação estacional do crescimento e de trocas gasosas em pupunheira (Bactris gasipaes Kunth)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

A palmeira amazônica pupunheira (Bactris gasipaes Kunth) está sendo cultivada para produção de palmito de qualidade, e atualmente há no Estado de São Paulo 30.000 ha plantados, 70% dos quais em produção. A inexistência de dados sobre trocas gasosas em pupunheiras adultas levou à concepção deste trabalho, conduzido em Campinas, SP, e a falta de termos de comparação na literatura, para que se pudesse balizar os resultados obtidos, fez com que se decidisse por realizar medidas de trocas gasosas também em pupunheiras cultivadas em Ubatuba, SP. Essa região foi escolhida porque dentre todas as regiões do Estado de São Paulo é a que apresenta as condições climáticas mais apropriadas ao cultivo da pupunheira para palmito, prescindindo de irrigação. Os objetivos deste trabalho foram investigar: a) a variação estacional do crescimento de pupunheiras, durante dois anos, portanto, desde o plantio até o início da produção de palmito; b) a extensão com que a assimilação líquida de C02, a condutância estomática, a taxa de transpiração , a eficiência do uso da água e a fluorescência da clorofila a são afetadas em pupunheiras por variações estacionais das condições ambientais (temperatura, déficit de pressão de vapor do ar e radiação solar); c) a dinâmica da resposta das mesmas variáveis ao longo dos dias, durante um ano, verificando possíveis diferenças entre os períodos da manhã e da tarde; d) a dinâmica estacional das trocas gasosas de plantas de experimento conduzido em Campinas (SP), comparando-a com aquela observada em plantas cultivadas em Ubatuba (SP). Verificou-se que as pupunheiras apresentaram estacionalidade de crescimento para altura, perímetro da base, comprimento da ráquis foliar, bem como para altura e diâmetro dos pertilhos, com maiores taxas de crescimento absoluto nos meses de temperaturas mais elevadas. Taxas mais altas de crescimento absoluto foram observadas no segundo ano. Foi observada variação estaciona I das variáveis de trocas gasosas, com maiores taxas de assimilação de CO2 bem como de condutância estomática e transpiração, no verão e na primavera, coincidindo com a maior demanda de fotoassimilados para fazer frente a maiores taxas de crescimento. No verão e na primavera as taxas de assimilação média de CO2 foram respectivamente 8,4 e 6,8 µmol m-2 S-1, enquanto no outono e no inverno as taxas foram 51 % inferiores às do verão. Em todas as estações foi verificada influência do déficit de pressão de vapor do ar (DPVar) sobre a taxa de assimilação de CO2 e sobre a condutância estomática (g5). O padrão diário de assimilação observado foi típico das espécies arbóreas tropicais C3, com um pico no meio da manhã seguido de declínio. Taxa máxima de assimilação de CO2 foi observada entre 8:00 e 10:00 horas, correspondendo a 14,3 µmol m-2 S-1 no verão e 13,0 µmol m-2 S.1 na primavera. Em Ubatuba houve variação significativa entre as estações para as variáveis de trocas gasosas, com maior taxa de assimilação de CO2 verificada no outono, entre 9:00 e 11 :00 horas, respectivamente 14,2 e 13,2 µmol m-2 S.1. A comparação dos resultados obtidos nos dois locais indicou que para mesmos valores de densidade de fluxo fotossintético de fótons (DFFF), a assimilação de CO2 foi mais alta em Ubatuba que em Campinas, e que a queda da assimilação de CO2 no período da tarde em Ubatuba foi menos intensa que em Campinas. Em Campinas a eficiência quântica máxima e a eficiência quântica efetiva do fotossistema II variaram significativamente nas estações, com valores mais baixos na primavera, respectivamente 0,70 e 0,35. As plantas apresentaram fotoinibição protetora nas horas mais quentes do dia, mais intensa na primavera e no verão. Em Ubatuba, o declínio da eficiência quântica máxima do fotossistema II - Fv/Fm - foi menor ao longo do dia que em Campinas, e a eficiência quântica efetiva do fotossistema II ?F/Fm - caiu mais lentamente ao longo do dia em Ubatuba que em Campinas, recuperando-se mais rapidamente no fim do dia.

ASSUNTO(S)

fluorescencia clorofila clima fotossintese

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