VARIAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA MACROFAUNA BENTÔNICA NA PRAIA DO CASSINO, EXTREMO SUL DO BRASIL

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A zonação (distribuição vertical), distribuição horizontal e também a variabilidade temporal da macrofauna bentônica na praia do Cassino, Rio Grande do Sul, Brasil, foi estudada durante o período de um ano (junho 2004 a maio de 2005) com base em coletas mensais. Para isso escolheu-se 3 locais, com 50 m de distância um do outro, sendo que em cada local foram fundeadas 3 transversais 2 m eqüidistantes. Cada transversal se estendeu desde a base das dunas primárias até aproximadamente 1m de profundidade no infralitoral. A distância dos níveis de coleta em cada transversal foi de 20 m até o limite superior da zona de varrido, a partir do qual a distância foi de 10 m. A zonação mostrou-se variável ao longo do ano, sendo que esta variabilidade foi principalmente reflexo da maior instabilidade da zona inferior da praia, que compreendeu o mesolitoral inferior e a zona de arrebentação interna. Isto ficou evidenciado sazonalmente, com a formação de distintos grupos faunísticos de acordo com a peculiaridade de cada estação do ano. A formação destes grupos foi fortemente influenciada pelas flutuações das densidades, decorrentes dos recrutamentos e da sobreposição da distribuição dos organismos, em função da elevação do nível da água devido às ressacas. Não ficou evidenciada variação espacial horizontal da comunidade bentônica dentro de uma escala de 50 m e 100 m, provavelmente em conseqüência da ausência de sangradouros próximo ao local estudado. Numa escala de centenas de metros ou quilômetros, seria esperada variação na distribuição horizontal do macrozoobentos, em função de fatores como regime de ondas, características do sedimento e morfologia praial. A variação temporal da abundância da macrofauna bentônica, constatada no presente trabalho, pode ser atribuída a efeitos positivos decorrentes dos picos de recrutamento e migração de determinadas espécies para a zona de varrido e a efeitos negativos como a migração de algumas espécies para águas mais profundas, a mortalidade por causas naturais (embancamento e ação dos predadores) e antrópicas (extrativismo e o trânsito de veículos). Entre estes atribuímos ao recrutamento a responsabilidade pela expressiva elevação da abundância da macrofauna bentônica, enquanto o embancamento, ou seja, o aprisionamento dos organismos nas partes superiores da praia, provavelmente seja o principal responsável pelas abruptas quedas nas abundâncias do macrozoobentos.

ASSUNTO(S)

oceanografia biologica distribuição horizontal variação temporal praia zonação macrofauna bentônica

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