Variação da heterocromatina interfásica em Artemia (Crustacea, Anostraca) das Américas está relacionada a mudanças no tamanho nuclear e composição iônica em habitats hipersalinos

AUTOR(ES)
FONTE

Braz. J. Biol.

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/01/2017

RESUMO

Resumo As populações de Artemia (ou camarão de salinas) das Américas apresentam uma grande variação na quantidade de heterocromatina interfásica. Há interesse em compreender como esta variação afeta diferentes parâmetros, desde o nível celular até os organismos. Isso deve ajudar a esclarecer a capacidade destes organismos tolerarem habitats extremos de água hipersalinas, que normalmente são submetidos a fortes mudanças abióticas. Neste estudo, avaliou-se a quantidade heterocromatina interfásica por núcleo através do número de cromocentros (N-CHR) e a área relativa de cromocentros (R-CHR) em duas espécies de Artemia, A. franciscana (Kellog, 1906) (n=9 populações) e A. persimilis (Piccinelli e Prosdocimi, 1968) (n=3 populações), para investigar o seu efeito no tamanho nuclear (S-NUC). Também foi analisada a relação de R-CHR com a composição iónica (CI) dos habitats hipersalinos. Nossos resultados indicam uma variação significativa na quantidade de heterocromatina dentro e entre espécies (ANOVA, p<0,001). Em todas as populações, a heterocromatina variou de 0,81 ± 1,17 para 12,58 ± 3,78 e de 0,19 ± 0,34% para 11,78 ± 3,71% para os parâmetros R-CHR e N-CHR, respectivamente. N-CHR apresentou menor variação do que R-CHR (amplitude de variação de 15,5 vezes vs. 62 vezes). Pelo menos cinco populações apresentaram uma associação significativa (p<0,05) entre R-CHR e S-NUC, seja com valores negativos (quatro populações, r = -0,643 a -0,443) ou positivo (uma população, r = 0,367). Os parâmetros R-CHR e CI foram associados significativamente para o íon de magnésio (r = 0,496, p<0,05) e também para os íons cloreto, sódio e cálcio (r = -0,705 a -0,478, p<0,05). Ao nível de espécie, foi também encontrada uma associação significativa entre esses dois parâmetros em populações de A. franciscana para os íons de sulfato e de cálcio, em contraste com A. persimilis. Estes achados sugerem que a quantidade heterocromatina interfásica modifica o tamanho nuclear em Artemia. Os nossos dados também indicam que a mudança na quantidade de heterocromatina interfásica está associada com a composição iónica das salinas. Este seria um fenómeno específico da espécie, cuja ocorrência pode estar envolvida na capacidade deste organismo sobreviver em tais ambientes.

ASSUNTO(S)

artemia heterocromatina interfásica cromocentro tamanho nuclear composição iónica

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