Variabilidade fisiológica e molecular de isolados de Pseudocercospora griseola e avaliação de fontes de resistência do feijoeiro à mancha angular / Physiological and molecular variability of isolates of Pseudocercospora griseola and evaluation of sources of resistance to angular leaf spot of bean

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

31/07/2009

RESUMO

A mancha angular, incitada pelo fungo Pseudocercospora griseola (Sacc.) Crous &U. Braun é uma das principais doenças que acometem a cultura do feijoeiro, podendo ser encontrada em todas as regiões produtoras, principalmente quando a cultura é submetida à condição de temperaturas amenas em cultivos irrigados. Esta condição aliada ao uso de cultivares suscetíveis favorece a ocorrência da doença ocasionando perdas na produção que atingem 80%. Uma opção de controle da enfermidade é o uso de cultivares resistentes. No entanto, a eficiência no uso da resistência depende do conhecimento sobre a variabilidade patogênica e distribuição geográfica do patógeno. Diversos trabalhos têm mostrado a ampla variabilidade patogênica de P. griseola e a sua co-evolução com os pools gênicos Andino e Mesoamericano do feijoeiro. Pelo processo de co-evolução, populações de P. griseola também podem ser divididas em dois pools gênicos: Andino (P. griseola formae griseola) que tiveram evolução paralela com variedades de feijão de origem Andina, sendo capazes de incitar a doença apenas em feijões Andinos; e Mesoamericano (P. griseola formae mesoamericana) que tiveram evolução com variedades de feijão de origem Mesoamericana, sendo capazes de incitar a doença em feijões Mesoamericanos e também em alguns feijões Andinos. Os principais objetivos deste estudo foram: caracterizar isolados de P. griseola, provenientes de nove cidades de três regiões do Estado de Minas Gerais - Brasil, utilizando as variedades diferenciadoras da mancha angular; avaliar fontes de resistência ao patógeno utilizadas pelo Programa de Melhoramento do Feijoeiro do BIOAGRO/UFV frente a estes isolados; e através da região ITS (ITS1-5,8S-ITS2) do cluster gênico do rDNA caracterizar a diversidade genética de 48 isolados de P. griseola, utilizando os primers universais ITS1 e ITS4. Com o auxílio das variedades diferenciadoras, foramcaracterizados 31 isolados monospóricos de P. griseola, obtendo-se 15 patótipos distintos, o que demonstra a alta variabilidade deste patógeno. O patótipo 63-63 foi o mais frequente com 12 dos 31 isolados caracterizados e foi detectado em sete das nove cidades visitadas. O patótipo 63-23 ocorreu em três cidades com a frequência de três isolados; os patótipos 63-7, 47-39 e 15-7 ocorreram em duas cidades cada um, com a frequência de dois isolados e os demais patótipos ocorreram em uma única cidade com a frequência de um isolado. A constatação de que vários isolados foram caracterizados como patótipo 63-63, ou seja, apresentam reação de compatibilidade com todas as variedades diferenciadoras, sugere que a série diferenciadora necessita ser revista, possivelmente, com a inclusão de novas variedades e/ou exclusão de determinadas variedades, visando melhor discriminação em patótipos. Todos os isolados apresentaram reação de compatibilidade com as variedades Andinas e Mesoamericanas, o que os classifica como pertencentes ao grupo Mesoamericano. As variedades México 54, BAT 332, Cornell 49-242, AND 277 e MAR-2, utilizadas pelo Programa de Melhoramento do Feijoeiro do BIOAGRO/UFV, foram resistentes, respectivamente, a 11, 10, 11, 10 e 8 dos 15 patótipos caracterizados. Apesar disso, nenhuma das fontes utilizadas foi resistente ao patótipo 63-63 caracterizado a partir dos isolados identificados como A18, A212, AJ 12, B1 46, B7 50, C11, SM 17, SM 20 e SM211 evidenciando a necessidade de se buscar novos acessos que ofereçam resistência à mancha angular. Outra constatação é que alguns isolados caracterizados como um mesmo patótipo proporcionaram reações diferenciadas quando inoculados nas fontes de resistência, mostrando que existem diferenças em relação à patogenicidade. As análises das inoculações na série diferenciadora ainda evidenciaram que as variedades Don Timóteo, G11796 e Bolón Bayo não estão sendo relevantes na discriminação dos patótipos. Estas duas constatações oferecem, mais uma vez, suporte para a proposta de revisão dos genótipos utilizados na série diferenciadora da mancha angular. A variabilidade genética de P. griseola tem sido examinada também através de diversos outros tipos de análises envolvendo caracteres morfológicos e moleculares. Neste trabalho, através de análises da região ITS (ITS1-5,8S-ITS2) do rDNA, utilizando os primers universais ITS1 e ITS4, realizou-se um estudo acerca da diversidadegenética de isolados de P. griseola, obtidos no Estado de Minas Gerais (Brasil) e em outras localidades do mundo, evidenciando a eficiência da região ITS para este propósito. Verificou-se a existência de cinco haplótipos distintos, agrupados pela existência de cinco mutações entre as sequências estudadas. Estes haplótipos formaram dois haplogrupos: um constituído por todos os isolados de origem Mesoamericana (três haplótipos) e outro constituído por isolados de origem Andina e por isolados que não possuem informações acerca do pool gênico (dois haplótipos). Este resultado indica que os isolados que não possuem o pool gênico definido, possivelmente, pertencem ao acervo Andino de P. griseola. A constatação de que todos os isolados obtidos no Estado de Minas Gerais pertencem ao pool gênico Mesoamericano comprova a existência de co-evolução entre Phaseolus vulgaris e Pseudocercospora griseola, já que no Brasil predomina o cultivo de feijão do pool gênico Mesoamericano.

ASSUNTO(S)

pseudocercospora griseola mancha angular phaseolus vulgaris patótipos haplótipos co-evolução pseudocercospora griseola angular spot phaseolus vulgaris pathotypes haplotypes co-evolution melhoramento vegetal

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