Variabilidade e tolerância ao cobre em Xanthomonas campestris pv. viticola, agente causal do cancro bacteriano da videira (Vitis spp.)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O cultivo de uvas de mesa no Brasil tem se intensificado principalmente em áreas próximas ao Submédio do Vale do São Francisco. Essa região é responsável por 15 % da produção de uvas de mesa finas do país, correspondendo a cerca de 98 % das exportações brasileiras anuais de uva, tanto em volume quanto em valores de produção. Entretanto, muitos são os problemas fitossanitários que ocorrem nessa cultura. Dentre as doenças de etiologia bacteriana apenas o cancro bacteriano, causado por Xanthomonas campestris pv. viticola (Xcv), apresenta hoje incidência expressiva e importância econômica em videira. Embora tenha sido relatada em 1998, acredita-se que a bacteriose já estivesse presente na região desde 1996, sem ter sido detectada. Assim torna-se importante monitorar a variabilidade das populações bacterianas ao longo dos anos, o que pode ser conseguido de maneira eficiente utilizando marcadores moleculares. Outro fator a ser considerado é o uso contínuo e muitas vezes indiscriminado de compostos cúpricos na agricultura o que pode levar a ocorrência de bactérias fitopatogênicas ou saprofíticas resistentes ao cobre. Considerando a importância do cancro bacteriano para a viticultura no Brasil e buscando maior conhecimento sobre variabilidade do patógeno e seu comportamento quanto a tolerância aos cúpricos, foram objetivos deste trabalho: (1) Caracterizar a diversidade genética, através de rep-PCR, de isolados de Xcv coletados no Vale do São Francisco, entre os anos de 2003 e 2006, comparando-os aos isolados já caracterizados, coletados entre 1998 e 2001; (2) Determinar níveis de tolerância ao cobre em isolados de Xcv representativos de diferentes épocas (1998 a 2006) e áreas de coleta; (3) Detectar e caracterizar em Xcv a presença de regiões homólogas ao gene copA que confere resistência ao cobre em Xanthomonas spp. Os fingerprints gerados por rep-PCR, a partir do DNA purificado de Xcv coletados em diferentes anos, áreas e variedades de Vitis vinifera L. foram eficientes e reprodutíveis, constituindo-se em uma importante ferramenta no estudo da genética populacional deste patógeno. Os resultados indicaram ter ocorrido uma possível estabilização da população heterogênea observada por Trindade et al. (2005), além de permitir a observação de bandas comuns e perfis homogêneos entre os isolados que podem ser utilizados para o diagnóstico. Entretanto, não foi possível correlacionar, através dos estudos das seqüências repetitivas, a origem geográfica, a época de coleta ou a cultivar de origem dos isolados com os perfis genômicos. Nos testes de tolerância in vitro aos íons de cobre, de uma forma geral observou-se uma evolução no crescimento da tolerância ao cobre ao longo dos anos, em que isolados de Xcv foram coletados nas áreas de ocorrência do cancro bacteriano de 1998 a 2006. Os resultados do presente estudo confirmam aqueles já relatados anteriormente, de que as estirpes brasileiras apresentaram variabilidade na tolerância ao cobre e que esta tolerância ocorre naturalmente nas regiões produtoras. Araújo (2001) mostrou que essas estirpes mais tolerantes ocorrem na região de Petrolina, e no presente trabalho, demonstrou-se que também ocorrem em outras áreas como Bahia e Piauí. Amplificações com os primers desenhados a partir de seqüências do gene copA de X. axonopodis pv. citri e X. campestris. pv. campestris foram observadas para todos os isolados de Xcv testados. A alta homologia entre os produtos das amplificações com os primers copAR e copAL a partir do DNA dos isolados de Xcv com o gene cop A, confirmou a existência do gene em Xcv. A árvore filogenética gerada com alta reprodutibilidade mostrou maior distância de Xcv em relação a X. oryzae pv. oryzae e X. campestris pv. campestris e maior proximidade com X. axonopodis pv. citri. Este fato pode ser um indicativo de maior afinidade de X. campestris pv. viticola com a espécie X. axonopodis do que com X. campestris, confirmando as observações de Takita et al. (2004) em trabalho analisando a região rpf.

ASSUNTO(S)

videira ciencias biologicas cobre xanthomonas cancro bacteriano

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