Valvotomia mitral percutânea: da primeira à terceira dilatação
AUTOR(ES)
Gomes, Nísia Lyra, Esteves, Vinícius B. C., Braga, Sérgio Luiz N., Ramos, Auristela I. O., Esteves, Fernanda A., Paes, Ângela T., Maldonado, Mercedes, Meneghelo, Zilda Machado, Esteves, César A.
FONTE
Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009-06
RESUMO
INTRODUÇÃO: As causas de reestenose pós-valvotomia mitral percutânea dependem principalmente das características da população submetida à técnica. O objetivo deste trabalho foi comparar os resultados imediatos e tardios dos pacientes submetidos a dois ou mais procedimentos de valvotomia mitral percutânea (VMP) a um grupo de pacientes submetidos apenas a uma dilatação para o tratamento da estenose mitral grave. MÉTODO: Os pacientes foram divididos em dois grupos: o grupo A incluiu 90 pacientes submetidos a uma primeira VMP e que, em decorrência de reestenose ecocardiográfica e clínica, foram encaminhados a uma segunda intervenção, e 9 pacientes que, pelo mesmo motivo, foram submetidos a um terceiro procedimento; e grupo B, composto de 90 pacientes selecionados por amostra aleatória simples submetidos a apenas uma dilatação, todas com sucesso. As variáveis ecocardiográficas analisadas para comparação dos resultados dentro do mesmo grupo e entre os grupos A e B foram a área valvar mitral (AVM), os gradientes diastólicos máximo (GDM) e médio (GDm), o diâmetro do átrio esquerdo e a incidência de reestenose. RESULTADOS: Nos pacientes do grupo A, a primeira dilatação foi realizada com sucesso em 87 (96,7%) pacientes. Comparativamente, a média das áreas valvares após a primeira dilatação dos pacientes que compõem o grupo A foi menor que a dos pacientes do grupo B (1,97 ± 0,17 cm² vs. 2,10 ± 0,33 cm²; P = 0,011). Em ambos os grupos, não se observou diferença estatisticamente significante, pré e imediatamente após o primeiro procedimento, na redução da média do GDM e do GDm e na média dos diâmetros do átrio esquerdo. Nos pacientes do grupo A, após a segunda valvotomia, os critérios de sucesso foram alcançados em 77 (85,5%) pacientes. A média das áreas valvares, nessa oportunidade, foi menor que após a primeira intervenção (1,83 ± 0,28 cm² vs. 1,97 ± 0,17 cm²; P < 0,005). Ainda dentro desse mesmo grupo, observou-se queda significativa do GDM e do GDm quando comparados os valores após o primeiro e o segundo procedimentos. Uma terceira dilatação foi realizada com 100% de sucesso nos 9 pacientes do grupo A. Resultados semelhantes aos anteriores foram obtidos na comparação das mesmas variáveis após a segunda e a terceira dilatações. O tempo médio para o aparecimento da reestenose ecocardiográfica entre a primeira, a segunda e a terceira dilatações foi de 54,12 meses, 25,23 meses e 29,30 meses, respectivamente. CONCLUSÃO: A obtenção de áreas valvares e o tempo para o aparecimento da reestenose significativamente menores imediatamente após uma segunda ou terceira valvotomias mitrais percutâneas, quando comparadas à primeira, não devem ser fatores para contraindicação do procedimento. Apesar de menores, as AVMs obtidas após uma segunda ou terceira intervenção enquadram-se, na maioria dos casos, dentro dos parâmetros de sucesso do procedimento, justificando assim sua indicação em casos selecionados.
ASSUNTO(S)
estenose da valva mitral dilatação com balão resultado de tratamento
Documentos Relacionados
- Valvotomia mitral percutânea: quarta dilatação
- Valvotomia mitral percutânea: experiência inicial com o novo balão único de dilatação "tipo Inoue"
- Valvoplastia mitral percutânea: 30 anos de experiência
- Evolução muito tardia da valvotomia percutânea por balão na estenose mitral grave
- Procedimentos de valvotomia mitral percutânea repetidos: mais uma vez a escolha certa