Valor prognóstico da distribuição do antígeno carcinoembriônico (CEA) no tecido neoplásico do carcinoma colorretal
AUTOR(ES)
Nazato, Débora Maria, Matos, Leandro Luongo de, Waisberg, Daniel Reis, Souza, José Roberto Martins de, Martins, Lourdes Conceição, Waisberg, Jaques
FONTE
Arquivos de Gastroenterologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009-03
RESUMO
CONTEXTO: O antígeno carcinoembrionário (CEA) pode ser detectado no tecido do carcinoma colorretal, mas seu papel na sobrevivência dos doentes permanece controverso. OBJETIVO: Caracterizar a expressão do CEA tecidual com coloração imunoistoquímica na neoplasia colorretal e analisar a relação entre esse achado e os níveis plasmáticos pré-operatórios do CEA, aspectos morfológicos e a sobrevivência dos doentes operados com intenção curativa de carcinoma colorretal. MÉTODO: Quarenta e sete doentes foram incluídos neste estudo: 18 (38,3%) homens e 29 (61,7%) mulheres, com média de idade de 67,8 ± 9,7 anos (37 to 84 anos). Imediatamente antes da laparotomia, foram obtidos os níveis plasmáticos pré-operatórios do CEA. Níveis séricos pré-operatórios normais de CEA foram considerados < 2,5 ng/mL para não-fumantes e <5,0 ng/mL para fumantes. O estudo imunoistoquímico do CEA foi realizado utilizando anticorpo monoclonal de rato anti-CEA humano. A expressão da imunocoloração de cada neoplasia foi classificada de acordo com o padrão de distribuição tecidual do CEA em apical ou citoplasmática. As variáveis consideradas para a análise estatística foram os níveis plasmáticos pré-operatórios do CEA, localização da lesão no intestino grosso, diâmetro da lesão, comprometimento dos linfonodos, classificação de Dukes, invasão venosa, grau de diferenciação celular, sobrevivência e padrão da distribuição tecidual do CEA. Os modelos estatísticos utilizados foram correlação de Spearman, teste de Mann-Whitney, teste de Kruskal-Wallis e teste t de Student. A sobrevivência dos doentes foi analisada utilizando-se o método de Kaplan-Meier. RESULTADOS: O valor médio de CEA pré-operatório foi de 15,4 ± 5,5 ng/mL (0,2 a 92,1 ng/mL). A neoplasia estava localizada no colo em 29 (61,7%) e no reto em 18 (38,3%) doentes. Oito (17,0%) doentes foram classificados como estádio A de Dukes, 22 (46,8%) como estádio B e 17 (36,2%) como estádio C. No estudo imunoistoquímico, o padrão de distribuição tecidual do CEA foi apical em 33 (70,2%) doentes e citoplasmático em 14 (29,8%) enfermos. Doentes com padrão apical apresentaram média do nível sérico do CEA de 15,5 ± 6,5 ng/mL e os com padrão citoplasmático obtiveram média do nível sérico de CEA de 15,1 ± 7,3 ng/mL, sem diferença significante entre esses valores (P = 0,35). A distribuição apical do CEA ocorreu em 6 (12,8%) doentes Dukes A, 18 (38,2%) Dukes B e 9 (12,2%) Dukes C. Por sua vez, a distribuição tecidual citoplasmática do CEA foi observada em dois (4,2%) enfermos Dukes A, três (6,4%) Dukes B e nove (19,1%) Dukes C. Os doentes com neoplasia Dukes B apresentaram padrão de distribuição tecidual de CEA apical significantemente maior (P = 0,049) do que os enfermos com padrão tecidual citoplasmático de CEA. O padrão de distribuição apical do CEA na neoplasia foi significantemente mais freqüente nas neoplasias sem acometimento linfonodal quando comparado com o padrão citoplasmático (P = 0,50). A localização cólica ou retal (P = 0,21), tamanho da lesão no maior eixo (P = 0,19), invasão venosa (P = 0,13) e grau de diferenciação celular (P = 0,19) não mostraram diferenças significantes em relação ao padrão de distribuição tecidual apical ou citoplasmático do CEA. Dos 47 doentes operados, 33 (70,2%) sobreviveram mais de 5 anos e a sobrevivência média foi de 31,1 ± 5,6 meses. A sobrevivência dos doentes com distribuição tecidual de CEA apical e citoplasmática não mostrou diferença significante (P = 0,38). CONCLUSÕES: Embora o padrão de distribuição apical do CEA tenha sido significantemente mais freqüente nos estádios menos avançados da classificação de Dukes, a distribuição tissular do CEA não apresentou relação com seus níveis plasmáticos, aspectos morfológicos da neoplasia e com a sobrevivência dos doentes com carcinoma colorretal operado com intenção curativa.
ASSUNTO(S)
neoplasias colorretais carcinoma antígeno carcinoembrionário imunoistoquímica
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