Validade da rotina de realização do eletrocardiograma na avaliação pré-operatória de idosos
AUTOR(ES)
Souza, Flávia Salles de, Pedro, José Ricardo Pinotti, Vieira, Joaquim Edson, Segurado, Arthur Vitor Rosenti, Botelho, Marcos Paulo Ferreira, Mathias, Lígia Andrade da Silva Telles
FONTE
Revista Brasileira de Anestesiologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
2005-02
RESUMO
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Com os avanços médicos e o aumento da expectativa de vida, a população de idosos submetidos a procedimentos cirúrgicos vem aumentando. O paciente idoso tem maior morbiletalidade cardíaca peri-operatória do que o paciente jovem, mesmo quando assintomático. O eletrocardiograma (ECG) tem sido solicitado no período pré-operatório na tentativa de reduzir a morbiletalidade intra-operatória, porém sua eficácia é controversa. Não há consenso na literatura a respeito da indicação do ECG em pacientes idosos no período pré-operatório, o que motivou a realização deste estudo. O objetivo foi verificar retrospectivamente a validade da rotina de realização do ECG no período pré-operatório numa população de pacientes idosos cirúrgicos. MÉTODO: Análise retrospectiva de prontuários de pacientes a partir de 60 anos, submetidos a cirurgias diversas, durante o período de 6 meses. Os dados foram coletados para análise descritiva da população estudada; avaliação da incidência e dos tipos mais freqüentes de anormalidade dos ECG; análise comparativa dos pacientes com ECG normal e alterado em relação às diversas variáveis - idade, faixa etária, estado físico, presença de doença cardiovascular (DCV), complicações intra (CIO) e pós-operatórias (CPO).Também foram avaliados os pacientes sem DCV e aqueles com estado físico ASA I em relação às CIO e CPO, segundo os tipos de alterações do ECG e faixa etária. RESULTADOS: Foram analisados os prontuários de 481 pacientes, dos quais 287 continham ECG e destes, 88,8% apresentavam anormalidades, sendo a mais freqüente, a alteração da repolarização ventricular. Não foi observada influência das variáveis estudadas sobre a incidência de ECG alterados. A incidência de alterações do ECG aumentou com o avanço da idade em todos pacientes estudados. Com o avanço da idade também ocorreu aumento da incidência de pacientes com ECG alterados associados com complicações intra-operatórias. As anormalidades eletrocardiográficas foram relevantes em relação à incidência de complicações intra-operatórias em todos os grupos estudados, principalmente as alterações secundárias à isquemia. CONCLUSÕES: Este estudo mostrou que, para a população cirúrgica idosa estudada, é válida a rotina de realização do eletrocardiograma como parte da avaliação pré-operatória.
ASSUNTO(S)
anestesia avaliaÇÃo prÉ-operatÓria exames prÉ-operatÓrios