Uso de polimixina em pacientes submetidos a transplante: Avaliação de eficácia e nefrotoxicidade. / Use of parenteral polymyxins in transplanted patients: Evaluation of efficacy and nephrotoxicity.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

26/08/2009

RESUMO

Introdução: As polimixinas são antimicrobianos antigos, e que caíram em desuso por muitos anos pelos relatos de toxicidade, principalmente nefrotoxicidade e neurotoxicidade. O surgimento de bactérias gram negativas multirresistentes em especial P aeruginosa e A baumanii em todo o mundo é uma realidade e temos observado seu crescimento em inquéritos epidemiológicos internacionais a partir dos anos 90. Não há estudos que demonstrem a taxa de disfunção renal nos pacientes transplantados pelo uso da polimixina, porém sabe-se que a função renal contribui de forma estatisticamente significante para a sobrevida dos receptores a longo prazo. Métodos: Foram levantados retrospectivamente os prontuários de todos os pacientes transplantados de órgãos sólidos, e que utilizaram polimixinas, durante o período janeiro 2001 a dezembro 2007 em 2 hospitais de ensino na cidade de São Paulo, Brasil. O objetivo principal do estudo foi definir o percentual de nefrotoxicidade apresentado pelos pacientes. Com o objetivo de avaliar essa variável escolhemos 2 definições de toxicidade renal (critério 1 e critério 2) e as aplicamos em todos os pacientes estudados com o objetivo de compará-las entre si e com a literatura. Critério 1 foi definido como creatinina sérica >2 mg/dl após introdução da polimixina em pacientes com disfunção renal aguda, ou aumento de 50% da creatinina sérica em relação aos valores pré-polimixina naqueles com disfunção renal prévia. Associa-se à definição em qualquer das 2 situações acima a diminuição do clearance de creatinina estimado pela metodologia de Cockcroft &Gault em 50%, ou evolução para terapia dialítica. Critério 2 foi definido como qualquer aumento de creatinina sérica. Resultados: Foram identificados 92 pacientes transplantados de órgãos sólidos que utilizaram polimixinas. Em sua maioria eram transplantados de rim, ou rim/pâncreas (90,2%), cujo enxerto foi recebido de doador falecido em 70,7% dos casos. O principal diagnóstico foi infecção do trato urinário (ITU) (41,3%), seguido de infecção do sítio cirúrgico (17,4%), e pneumonia (16,3%). P aeruginosa foi o agente etiológico mais freqüente, presente em 76,1% dos isolados. Houve cura microbiológica em 25 pacientes (100%), cura clínica de 71 pacientes (77,2%), e mortalidade hospitalar em 21 pacientes (22,8%). Quarenta e quatro pacientes (47,8%) apresentaram nefrotoxicidade por qualquer dos 2 critérios adotados, 30 pacientes (32,6%) pelo critério 1, e 44 pacientes (47,8%) pelo critério 2. A análise multivariada demonstrou associação estatisticamente significante entre ITU e proteção para nefrotoxicidade [p 0,02; OR 0,24; IC 95% (0,07 0,86)] e média de tempo de utilização da polimixina maior como fator de risco para disfunção renal [p 0,03; OR 1,06; IC 95% (1,0 1,13)] pelo critério 1. Conclusão: A taxa de disfunção renal de 32,6% ainda é alta, porém menor que as inicialmente descritas na década de 60 e 70. A utilização da polimixina é eficaz principalmente no tratamento de ITU em pacientes transplantados de órgãos sólidos. A utilização de polimixina deve ser realizada por menor tempo possível e, quando não existir outro antimicrobiano possível.

ASSUNTO(S)

polimixinas transplante de órgãos sólidos nefrotoxicidade multirresistência. imunologia polymyxins nephrotoxicity

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