Uso da medida da pressão em casa como estratégia de controle da pressão arterial de um grupo de hipertensos  de Peruíbe - SP / Use of home blood pressure measurement as a control strategy in a group of hypertensive patients from Peruibe SP

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Introdução: a falta de controle dos hipertensos tem sido um desafio para os profissionais de saúde, e a medida da pressão em casa pode ser um recurso para aumentar o controle da pressão arterial. Realizou-se um estudo para avaliar o efeito do uso da medida da pressão em casa no controle da pressão arterial em um grupo de hipertensos. Objetivos: avaliar o efeito do uso da medida da pressão em casa no controle da pressão arterial em grupo de hipertensos do Município de Peruibe SP. Objetivos específicos: 1- comparar o controle da pressão arterial dos hipertensos submetidos à medida da pressão em casa; 2- avaliar o controle da pressão arterial dos hipertensos, considerando a monitorização residencial da pressão (MRPA) como método de avaliação pré e pós-medida da pressão em casa; 3- identificar associações entre o controle da pressão arterial com as variáveis biopsicossociais, hábitos de vida, comportamentos e atitudes frente à doença e tratamento; 4- avaliar adesão ao tratamento utilizando o questionário Fatores Dificultadores da Adesão (FDA) e o teste de Morisky e Green. Casuística e Método: pesquisa de campo, longitudinal, pareada com abordagem quantitativa. Os participantes realizaram a medida da pressão arterial em consultório no início e final do estudo. A medida da pressão em casa foi realizada com aparelho automático, validado durante 8 semanas às segundas, quartas e sextas-feiras pela manhã (entre 6 e 10h) e à noite (entre18 e 22h). A utilização da monitorização residencial da pressão arterial (MRPA), no início e no final do estudo, teve o propósito de avaliar a eficácia do uso da medida da pressão em casa, como estratégia de aumento do controle da pressão arterial, foi realizada nas semanas 1 e 10 durante 7 dias com o mesmo aparelho, três medidas pela manhã (entre 6 e 10h) e 3três medidas à noite (entre18 e 22h) na posição sentada com 10 minutos de repouso e com manguito adequado. Os valores de p<0,05 foram considerados significantes. Exames de glicemia em jejum, colesterol total e frações, triglicérides, ureia e creatinina foram coletados. Avaliou-se adesão com o questionário fatores dificultadores da adesão e o teste de Morisky e Green, presença de transtornos mentais comuns com o Self Report Questionnaire (SRQ 20), risco de danos à saúde relacionado ao uso de bebidas alcoólicas com o questionário Alcohol Use Disorders Identification (AUDIT) e suporte social com a Escala de Apoio Social. Resultados: foram estudados 71 hipertensos com idade de 63,3±11 anos; 53,5% homens; 77,5% brancos; 77,1% ensino fundamental/médio; 53,5% aposentados; 52,1% renda 2 salários mínimos e não tabagista;19,7% sedentários; índice de massa corporal 30,8±5,8 kg/m2; 35,2% etilista, 43,7% aderentes ao teste de Morisky e Green e 32,4% positivos para o SRQ-20. Destaca-se que em 19 das 25 perguntas do formulário fatores dificultadores da adesão, foi obtido percentual acima de 90% no apontamento dos fatores que menos dificultam o tratamento, os maiores percentuais de concordância foram para as questões: chegar à consulta e não ter médico (36,6%), o tempo de espera para consulta é longo e não estar melhorando da pressão (16,9% e 14,1% respectivamente). Exames laboratoriais: glicemia 121,3±43,6 mg/dL, colesterol total 204,8±41,6 mg/dL, HDL 48,5±11,25 mg/dL, VLDL 29,5±15,2 mg/dL, LDL 123,6±39,2 mg/dL, triglicérides 150,1±88 mg/dL, ureia 45,1±16,4 mg/dL e creatinina 1,0±0,5 mg/dL. Houve diminuição significativa (p<0,05) da pressão arterial na MRPA inicial em relação à final 144,9±15,7 vs 140,6±16,8 mmHg para pressão sistólica matutina, 145,7±18,0 vs 141,7±17,5 mmHg para pressão sistólica noturna, 85,8±9,4 vs 83,5±9,6 mmHg para diastólica matutina e 84,5±9,9 vs 81,8±9,3 mmHg para diastólica noturna. Na medida da pressão em casa, diminuição significativa foi observada na comparação das primeira e oitava semanas 144,4±17,3 vs 139,3±15,9 mmHg para sistólica matutina, 144,7±19,8 vs 140,8±17,8 mmHg para sistólica noturna, 86,8±18,8 vs 82,7±10,1mmHg para diastólica matutina, 83,2±10,5 vs 82,2±10,4 mmHg para diastólica noturna. Na medida de consultório também houve diminuição significativa (p<0,05) entre a do início do estudo e o final (157,6±13,6 / 91,4±8,3 vs 146,9±19,9 / 85,1±11,5 mmHg). Dessa forma, a diminuição no percentual de hipertensos controlados foi: 67,6% e 57,7% na MRPA e 73,2% e 70,4% na medida de consultório, para as pressões sistólica e diastólica, respectivamente. A análise multivariada mostrou que o controle da pressão arterial associou-se com: a) sistólica na medida residencial: teste de Morisky e Green (OR: 0,187; IC 95%; 0,57-0,619) e o domínio crenças pessoais do questionário fatores dificultadores da adesão (OR: 0,696; IC 95%; 0,502-0,965); b) diastólica na medida em casa: idade entre 55 e 65 anos (OR: 0,138; IC 95%; 0,030-0,637), idade acima de 65 anos (OR: 0,216; IC 95%; 0,055-0,845 e prática de esportes (OR: 0,179; IC 95%; 0,044-0,730); c) diastólica de consultório: Self Report Questionnaire - SRQ-20 (OR: 8,746; IC 95%; 2,243-34,103), HDL - colesterol <40 e 40-59 mg/dL (OR: 3,644; IC 95%; 0,338-39,338) e HDL - colesterol 60 mg/dL (OR: 37,323; 95%; 2,079-670,022); d) sistólica e diastólica na MRPA: variável domínio institucional do instrumento fatores dificultadores da adesão (OR: 1,260; IC 95%; 1,036-1,533) e (OR: 1,212; IC 95%; 1,003-1,464). Conclusão: a estratégia de controle da medida da pressão arterial em casa foi eficiente para o aumento do controle da pressão arterial desse grupo de hipertensos.

ASSUNTO(S)

control controle hipertensão home blood pressure monitoring (hbpm) home pressure measurement hypertension medida da pressão em casa monitorização residencial da pressão arterial (mrpa)

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