Uma sociologia do escândalo da Mostra Queermuseu: disputas de enquadramento midiático entre o jornalismo profissional e o Movimento Brasil Livre

AUTOR(ES)
FONTE

Sociedade e Estado

DATA DE PUBLICAÇÃO

2022

RESUMO

Resumo Este artigo apresenta uma análise do escândalo em torno do fechamento da exposição Queermuseu, ocorrida no Espaço Santander Cultural, em Porto Alegre, no segundo semestre de 2017. O texto busca desvelar o processo no qual, a partir de mobilização nas plataformas digitais, uma mostra artística voltada ao tema da diversidade sexual passou a ser compreendida em certos segmentos como promotora de “pedofilia”, “zoofilia” e “blasfêmia”, teve seu encerramento antecipado, resultando em perseguições a artistas e ao seu curador, bem como na difusão de uma interpretação que associa a esquerda a uma agenda de “perversão moral” às crianças. A análise empírica teve como fonte reportagens digitais e impressas do jornal Zero Hora de Porto Alegre, além de textos, imagens e vídeos que circularam em plataformas digitais, abordando em específico o enquadramento do evento pelo Movimento Brasil Livre (MBL), grupo que liderou a campanha pelo fechamento da exposição. Ao analisar o alcance do enquadramento do MBL, permite-se reconhecer como as plataformas digitais ampliaram o espaço para grupos políticos agendarem questões públicas e imporem seu enquadramento para suas audiências. O artigo elucida, a partir do caso empírico analisado, aspectos da pervasividade das mídias no debate público no contexto de uma esfera pública tecnomidiatizada e busca evidenciar aspectos da acentuada midiatização da política na era digital.

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