Uma historia do romance brasileiro de 30

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2001

RESUMO

Esta é uma história do romance de 30 que parte de um questionamento do valor crítico da divisão entre os regionalistas e os intimistas que tem dominado o debate sobre o período. Incorporando essa divisão mais como problema do que como solução, fez-se uma tentativa de superá-Ia através de uma abordagem bem ampla, interessada numa gama extensa de obras. A partir da leitura dessas obras, procurou-se assinalar que aquela década assistiu a um movimento mais complexo do que a simples predominância do romance social, que tem sido considerado a face do período. O início do decênio de 30 é marcado por uma necessidade de superar a dúvida tida como gratuita do ceticismo anatoliano do início do século - romances como Inquietos e O País do Carnaval representam essa tendência. Também nesses primeiros anos já se apresentam algumas tentativas de superação da dúvida em livros que, a modelos consagrados, como o romance da seca, ajuntava uma visão mais contundente da realidade do país, numa linguagem mais informal. Em 1933, o fenômeno do "romance proletário" veio dar cabo de vez da possibilidade de duvidar: um clima de polarização política e literária se estabelece, criando, aí sim, uma clara predominância do romance social. O resultado mais expressivo desse estado de coisas foi o gesto de figurar o outro em nossa literatura - aqui se destacam a figuração do proletário e da mulher -, num movimento que é complementado por romancistas como Octávio de Faria, que permanecem firmes em sua tentativa de figurar o mesmo, ou seja, as classes não-proletárias. A partir de 1937, no entanto, há claros sinais de esgotamento do chamado romance social. É o tempo de uma nova dúvida, que não se confunde com o ceticismo, sendo antes fruto do impasse que traz uma guerra anunciada para decidir os rumos - fascismo ou comunismo - de um ocidente que se imagina superando o liberalismo. Romances como A Estrela Sobe e Amanhecer são representações desse impasse do final da década. Depois de visto esse movimento geral, a atenção se volta para quatro autores específicos - Comélio Penna, Dyonélio Machado, Cyro dos Anjos e Graciliano Ramos -, escolhidos em função não apenas do julgamento de que representam o melhor da produção do período, mas também porque, dialogando todo o tempo com o debate no todo simplificador que a polarização instaurou, souberam superá-Io de forma a construir, juntos, um painel sintético e problematizador do romance de 30

ASSUNTO(S)

literatura brasileira - historia e critica ficção brasileira literatura brasileira

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