Uma Ferramenta para Desenvolver e Monitorar o Ensino da Saúde Coletiva no Curso Médico

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. bras. educ. med.

DATA DE PUBLICAÇÃO

13/01/2020

RESUMO

RESUMO Introdução As novas Diretrizes Curriculares Nacionais do curso médico (DCN 2014) enfatizam a saúde coletiva como forma de assegurar o compromisso social na educação médica. Porém, elas não indicam claramente as competências a serem adquiridas e os conteúdos a serem trabalhados nesse campo. Essa lacuna precisa ser preenchida, tendo em vista a necessidade de orientar o vasto número de novos cursos de Medicina, que acompanhou a política do Programa Mais Médicos. Objetivos Identificar os desafios da saúde coletiva no ensino médico e construir uma ferramenta de planejamento estratégico para apoiar as escolas médicas no desenho e monitoramento desse componente do currículo de seus cursos. Metodologia A metodologia compreendeu duas etapas: 1. análise crítica de documentos-chave da educação médica (DCN e Matriz do Revalida) e 2. construção de ferramenta de planejamento estratégico para apoio à elaboração do currículo de saúde coletiva na graduação, por meio da condução de oficinas em que se utiliza o “método do mapeio de alcances”. Resultados Os documentos analisados revelam grande variabilidade no entendimento do lugar da saúde coletiva na formação e nas práticas médicas. Enquanto a Matriz do Revalida, publicada em 2009, estabelece as cinco áreas médicas sem fazer alusão à saúde coletiva, as DCN, publicadas em 2014, parecem supervalorizar esse campo. Porém, como não há uma definição clara acerca das competências e dos conteúdos, muitas vezes a saúde coletiva sofre um reducionismo e aparece confundida com medicina de família e comunidade ou sobreposta a ela. As oficinas participativas tomaram como desafio a reversão dessa visão reducionista ao construírem uma ferramenta apoiada na visão do médico no futuro, tendo como missão precisar competências e conteúdos de saúde coletiva no currículo. Identificaram-se os parceiros na implementação desse componente, as atitudes e mudanças esperadas de cada parceiro e o modo de monitorar seus progressos. Conclusão A ferramenta que se baseia no método de mapeio de alcances focaliza as conquistas e mudanças das pessoas. Apresenta-se como um dispositivo flexível e participativo e pode contribuir para a construção de currículos que formem médicos comprometidos com a realidade social.ABSTRACT Introduction The new National Curriculum Guidelines of the undergraduate medical course (DCN-2014) emphasize collective health as a way to ensure social commitment in medical education. However, they do not clearly indicate the skills to be acquired and content to be worked in this field. This gap needs to be filled, given the need to guide the vast number of new medical courses, which followed the “More Doctors” policy in Brazil. Objective To identify the challenges of collective health in medical education and to build a strategic planning tool to support medical schools in designing and monitoring this component of the curriculum of their courses. Method The method comprised two stages: 1) critical analysis of key medical education documents (DCN and REVALIDA Matrix) and 2) construction of a strategic planning tool to support the development of the collective health curriculum in undergraduate programs by conducting workshops using the “outcome mapping method’. Results The documents analyzed disclose great variability in the understanding of the collective health role in medical training and practice. While the REVALIDA Matrix, published in 2009, establishes the 5 medical areas with no reference to collective health, the DCN, published in 2014, seems to overestimate this field. However, since there is no clear definition of skills and content, collective health often suffers from reductionism and seems to be mistaken by or overlap with family and community medicine. The participatory workshops took on the challenge of reversing this reductionist vision, building a tool based on the physician’s vision in the future, with the mission of requiring collective health skills and contents in the curriculum. Partners have been identified for the implementation of this component, as well as the attitudes and changes expected from each partner, and how to monitor their progress. Conclusion The tool, based on the outcome mapping method, focuses on people’s achievements and changes. It is a flexible, participatory device and can contribute to the construction of curricula that will train physicians committed to the social reality.

Documentos Relacionados