Uma costura de tempo: memória e utopia na poesia de Manuel Bandeira

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O propósito dessa dissertação é analisar como se configuram, na poesia de Manuel Bandeira, temas como a memória e a utopia. Para tanto, foram selecionados os poemas Vou-me embora pra Pasárgada e Teresa, textos que se mostram abertos à análise desses temas. Em nossa análise, começamos por pensar o que é o poético e o que o caracteriza. Vimos que ele nasce junto com o pensamento mítico e é uma espécie de permanência das principais características deste pensamento: amálgama entre a memória e a busca de uma verdade ou resposta para o ser. Relacionamos essa questão da busca com a percepção da falta na poética bandeiriana; falta de um corpo e de um futuro, que se reflete na construção de sua poesia, profundamente ligada aos temas da finitude e da memória. A partir das teorias do filósofo Henri Bérgson e do romancista Marcel Proust, passamos à análise do tema da memória propriamente dito, defendendo-o, na poesia bandeiriana, como possibilidade de recuperação e de recriação do que foi. Assim, percebemos que o tema da memória estava diretamente ligado ao tema da utopia, pois em um poema como Vou-me embora pra Pasárgada, a recuperação de um passado individual passa diretamente pela tradição de uma terra prometida a todos, mítica, verdadeira. Em Teresa, ocorre o processo inverso: da memória coletiva, através da releitura literária, passa-se ao anseio individual de comunhão com o outro, através do amor. Concluímos que a poesia banderiana é um processo de releitura e recriação permanente, um pêndulo que vai do eu ao outro para retornar cheia de novo significado para o eu. A poesia como um processo de costura de um eu, que nasce a partir de si e que passa necessariamente pelo outro

ASSUNTO(S)

memória utopias na literatura poetry utopia literatura comparada utopia bandeira, manuel -- 1886-1968 -- critica e interpretacao memory rereading releitura memoria na literatura manuel bandeira poesia

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