Um estudo sobre o tempo no processo analítico reflexões sobre a postura metodológica psicanalítica

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Propõe-se, neste trabalho, a investigação do campo psicanalítico na clínica particular e na instituição pública, procurando investigar, em consonância com os tempos de "expansão" mais do que com os tempos de retração da Psicanálise, até onde nosso método psicanalítico pode ser intimado, por assim dizer, a produzir conhecimento psíquico. Podemos constatar já em Freud sua intenção revolucionária de uma "psicanálise em expansão", quando faz referência à questão da articulação entre Psicanálise e Instituição e quando nos aponta a Psicanálise como método investigativo. Nesta dissertação, a atenção foi direcionada para ambas as situações, buscando apreender a (re)dimensão temporal do processo analítico ou do tempo de cura em atendimentos clínicos. O tempo de ver cura? Isto levou a ponderações sobre tempo, sujeito e cura, pois, na perspectiva psicanalítica, tais noções só fazem sentido em conjunto solidário. Para a viabilização desta pesquisa, foi usado o método psicanalítico, ou seja, a interpretação, já que a Psicanálise é um método de investigação que tem um corpo teórico específico produzido a partir deste método. Ela amplia o território científico, possibilitando examinar a natureza humana. Pensarmos o tempo na Psicanálise não significa enquadrá-la às urgências da vida contemporânea, não se trata de domesticá-la, mas, ao contrário, de ampliar seus horizontes e pensá-la fora da clínica padrão. Com este intento, foi feito um percurso, iniciado pelas concepções de temporalidade que perspassam a história das idéias, ressaltando o conceito de eternidade, até chegar às conseqüências da noção de tempo na vida contemporânea, quando se buscou evidenciar a necessidade de que a Psicanálise tome em consideração o regime de pensamento do mundo atual. Por fim, foi feita uma discussão do tempo na Psicanálise, através da qual se foi trabalhando com a noção do tempo lógico, com a diacronia e a sincronia, em conexão com a clínica, debruçando-se sobre os atendimentos clínicos do consultório particular e das instituições públicas SEAPS e CENPS, visto que é somente sobre a base de fatos clínicos que a discussão pode erigir sentidos para possíveis apreensões da psique/tempo. Desse exercício remeteu-se ao conceito de intemporalidade do inconsciente, que é diferente da atemporalidade. A questão da constituição do sujeito psíquico há muito vem ocupando as ciências que direcionam sua atenção para a compreensão do humano, e a Psicanálise vem somar esforços nessa tentativa, trazendo a convicção da existência de uma realidade psíquica, sendo que a operatividade sobre tal realidade só se faz possível via interpretação, que não pode estar condicionada a vontades e valores pré-estabelecidos, mas, sim, submetida ao que se propõe, nesta dissertação, chamar de função analítica. Ao pensar a cura, procurou-se evidenciar que a Psicanálise cura o Homem do padecimento advindo dos acontecimentos da vida. Articulando presente e futuro, a Psicanálise cria um novo passado, levando o sujeito a ressignificações que lhe permitam enfrentar-se com sua eterna e pontual condição desejante.

ASSUNTO(S)

cura psychoanalytical method healing tempo psicologia time método psicanalítico sujeito psicanálise subject

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