UM ESTUDO DE ZACARIAS 8,1-17 COMO BASE PARA REFLEXÃO SOBRE A RECONSTRUÇÃO DE ANGOLA PÓS-GUERRA / A Study of Zachariah 8:1-17 as a Basis for Reflection span on the Postwar Reconstgruction of Angola
AUTOR(ES)
VIRGÍNIA INÁCIO DOS SANTOS
DATA DE PUBLICAÇÃO
2003
RESUMO
A literatura bíblica da perícope de Zacarias 8,1-17 registra o período de dominação Persa. Esta literatura abrange em sua maioria a temática da reconstrução da cidade de Jerusalém que havia sido destruída na dominação Babilônia e seu governo levado ao exílio e toda a elite de Jerusalém. Neste sentido, muitos profetas falaram sobre a devastação da cidade e as condições precárias em que se encontrava o povo de Jerusalém no período do exílio e depois do retorno do exílio. Porém constatamos que existiam dois grupos de profetas que atuavam nesta época: um dos grupos; que seriam os profetas anônimos denunciavam as conseqüências da reconstrução do templo e da cidade contando o jugo do qual o império persa e as novas elites de Jerusalém estavam a submeter o povo pobre e sobre tudo os camponeses. Estes não apoiavam o projeto de reconstrução do templo. O outro grupo de profetas, neste caso Zacarias, estavam a favor da reconstrução do templo e fundamentavam e proclamavam suas profecias a favor do projeto de reconstrução e do templo como símbolo religioso importante. No entanto o capítulo 8 de Zacarias vai além do mero apoio a reconstrução das estruturas físicas do templo e da cidade, encontramos sinais de uma reconstrução social, comunitária e afetiva. Percebemos no desejo do profeta a esperança de dias melhores não só para a elite do país, mas, também para o povo. Este é o foco que determinou a reflexão para a reconstrução de Angola pós-guerra. A guerra em Angola também teve inicio por oposição de dois grupos: um grupo pertencia aos colonizadores que com seu ímpeto pelo acumulo de riquezas e poder escravizavam os angolanos; o outro grupo foi o dos movimentos nacionais, que cansados do jugo da escravidão revoltaram-se contra os colonos portugueses. Esta guerra teve um prolongamento de 40 anos, muito maior do que se previa, porque depois dos colonos saírem de Angola, os movimentos se dividiram. Lutando entre si com ajuda e incentivo das grandes potências internacionais que aproveitavam a desorganização do país para retirarem benefícios econômicos às custas do sangue do povo angolano. Os angolanos que primeiro sofreram com o colonizador, depois com a luta de poder entre as elites do país e as grandes potências Mundiais E.U. A., França e URSS, se encontram numa situação de devastação. O povo israelita destruído e subjugado; primeiro pelos babilônios e persas e depois pelos seus compatriotas da elite não se diferia das condições reais em que se encontra o povo angolano. A destruição de suas vidas afetivas, familiares, físicas e matérias não foi pouca coisa. Para suportar todas estas perdas e levar avante um projeto de reconstrução que não seja uma mera forma das novas elites nacionais e internacionais angariarem novos fundos para suas ambições pessoais é necessário sonhar como sonhou Zacarias. Sonhar e acreditar em dias melhores, em que a cidade será a morada de Deus o Ser supremo que sempre fez parte da vida cotidiana do povo angolano. Acreditar e lutar para que suas crianças possam brincar nas ruas e praças da cidade sem medo de que uma bomba ca ia sobre elas. É neste processo de reconstrução de Angola que a perícope do capítulo 8 de Zacarias e a experiência de reconstrução que Angola está vivendo se torna importante nesta realidade socio-política de destruições e guerras que o mundo hoje enfrenta.(AU)
ASSUNTO(S)
angola - reconstrução ciencias humanas angola - problemas sócio-econômicos angola - conflitos
