Um estudante cego no curso de licenciatura em musica da ufrn: questões de acessibilidade curricular e física

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

01/11/2011

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivos discutir e analisar o processo de inclusão escolar de uma pessoa cega no curso de Licenciatura em Música, na Escola de Música na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, bem como, refletir sobre a importância da constituição de sistemas de apoio para assegurar o processo inclusivo universitário de pessoas com deficiência visual. Na busca de atingir tais objetivos, essa investigação opta por uma abordagem metodológica qualitativa, do tipo estudo de caso, utilizando como procedimentos de construção dados a entrevista, a observação, a análise de documentos e os registros fotográficos. Integraram o grupo de participantes desse estudo, um aluno cego da turma 2009.1 do curso de Licenciatura em Música da EMUFRN, professores de duas disciplinas cumpridas por esse aluno, dois colegas de turma, um monitor de apoio em teoria musical, o coordenador do curso e o diretor da escola, além de outros dois sujeitos que contribuíram com o processo de inclusão em ações não formalizadas institucionalmente. Os resultados encontrados indicam iniciativas propostas pela UFRN que contribuem com inclusão de alunos com deficiência na instituição, a principal delas é a criação da Comissão Permanente de Apoio a Estudantes com Necessidades Educacionais Especiais (CAENE), grupo que orienta setores administrativos, professores, diretores, coordenadores e alunos quanto às medidas necessárias para o acesso e a permanência com qualidade para todos. A acessibilidade física ainda está em processo de construção na UFRN, vários acessos e setores vêem sendo adaptados para que os alunos com deficiência física ou visual, além daqueles com dificuldades de mobilidade, possam ter acesso aos diversos pontos da universidade, entretanto, conforme apresentado nesse estudo, alguns pontos precisam ser reconsiderados, já que existem diversos locais onde a instalação do piso tátil não segue totalmente as orientações propostas na legislação. Quanto às propostas de acesso ao currículo, mediadas pela EMUFRN, tratam-se de ações que propõem a inclusão do aluno cego, como a existência de um monitor pedagógico para auxiliar no estudo da teoria musical, contudo, é necessário repensar essas propostas para que não se resumam em ações de intervenção reativas. Assumindo uma postura mais pró-ativa a EMUFRN estará preparada a receber a diversidade de alunos que espera. O estudo aponta, ainda, que o aluno cego faz parte de um grupo de estudantes que são músicos práticos, os quais precisam trabalhar em eventos e shows à noite, e que apresentam pouco conhecimento em teoria musical, acarretando, respectivamente, baixa frequência nas aulas e dificuldades de aprendizagem em determinados componentes curriculares, podendo ocasionar o trancamento de tais componentes. Nesse caso, o desafio da EMUFRN, considerando a perspectiva inclusiva, não é, especificamente, adequar-se para o acolhimento acadêmico de um aluno cego, mas desenvolver um projeto de acessibilidade curricular que considere, efetivamente, a diversidade da totalidade dos seus alunos, levando em conta, principalmente, as condições econômicas e culturais. Isso implica em um processo de redimensionamento das práticas acadêmicas que se orientem por ações articuladas e colaborativas que envolvam os diversos agentes educacionais da EMUFRN e da UFRN

ASSUNTO(S)

educação musical ensino superior educacao school inclusion music education higher education inclusão escolar

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