Turismo rural na agricultura familiar: uma abordagem geográfica do Circuito Italiano de Turismo Rural (CITUR), município de Colombo - PR

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

No contexto da globalização, o turismo é uma atividade econômica de suma importância, que ao comercializar paisagens e lugares, se manifesta também como um fenômeno que produz diversas implicações socioespaciais (culturais, ambientais, políticas, etc.). Considerando o debate acadêmico em torno de novas modalidades de turismo e da idéia de um turismo sustentável, procuramos nesse trabalho, discorrer sobre o turismo rural, e especificamente, sobre o turismo rural na agricultura familiar (TRAF). Partindo de uma abordagem geográfica e do debate contemporâneo em torno do turismo rural na agricultura familiar, analisamos o processo de implantação e de desenvolvimento do Circuito Italiano de Turismo Rural (CITUR) no município de Colombo, localizado na Região Metropolitana de Curitiba-PR, identificando seus empreendedores, e dando ênfase nas implicações do turismo nos agricultores familiares que se inseriram diretamente no CITUR. Com base na apreensão da experiência empírica do Circuito Italiano de Turismo Rural (CITUR) estabelecemos uma relação com o debate teórico, no sentido de contrastar a retórica presente na exacerbação do turismo como vetor de desenvolvimento sustentável, com as implicações do turismo rural na agricultura familiar. Utilizando a proposta teórico-metodológica de Milton Santos (1996), procuramos, a partir do lugar, apreender a influência de fenômenos de outras escalas geográficas até a global. Para tanto, aplicamos alguns conceitos trabalhados por Santos - como evento, situação e periodização para a delimitação do objeto de pesquisa; e verticalidades, horizontalidades e intencionalidades, entre outros, no estudo empírico. Na análise empírica do CITUR, percebemos que a maior parte da oferta de lazer e turismo já existia antes da criação do Circuito, porém não se encontrava organizada como um produto turístico. Com a criação do CITUR em 1999, o Estado passa a atuar no planejamento e na gestão do Circuito, e traz consigo, novos atores sociais com intencionalidades distintas, e com verticalidades que passam a influenciar as horizontalidades e o espaço banal. Dos 30 empreendimentos existentes no CITUR, constatamos que 8 são de propriedade de agricultores familiares e administrados por eles. Apesar da ênfase nos agricultores familiares como maiores beneficiários do CITUR, verificamos que os empreendedores com maiores benefícios e lucros, são aqueles provenientes de Curitiba, e que não possuem identidade de agricultor. Tais atores exógenos ao lugar disseminam objetos, ações e valores verticais, que se chocam e acabam coexistindo com os objetos, as ações e os valores horizontais. Nesse jogo de ações e intencionalidades, surge uma diversidade de situações, que, por um lado, levam os agricultores familiares a se adaptarem às exigências dos órgãos gestores do CITUR e a incorporarem uma racionalidade econômica global, mas por outro, permitem a estes, fazer valer suas estratégias e posições em torno da gestão do empreendimento, da unidade de produção e vida familiar (UPVF), bem como do próprio CITUR.

ASSUNTO(S)

desenvolvimento regional - colombo (pr) geografia turismo rural - colombo (pr) geografia regional famílias rurais - colombo (pr)

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