Tudinhas, Rosinhas e Chiquinhos : o processo de emancipação dos escravos e dos libertos no mercado de trabalho, Piracicaba: 1870-1920

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2000

RESUMO

O tema desta dissertação refere-se aos momentos decisivos de formação e consolidação do mercado de trabalho livre brasileiro. A emancipação dos escravos é parte de uma temática mais ampla de transição da escravidão para o trabalho livre. O objetivo de centralizar a atenção, especialmente, no tema da incorporação do elemento ex-escravo ao mercado de trabalho e à nova sociedade surgiu durante as minhas pesquisas, em nível de iniciação científica, sobre tema afim, ainda durante o curso de graduação. Enquanto pesquisava sobre o trabalhador livre nacional no período de 1830 a 1888, uma inquietação seguia-me: e os ex-escravos? O que se pensava deles durante o processo lento de emancipação e o que realmente foi feito para possibilitar a sua incorporação no mercado de trabalho e na nova sociedade enquanto pessoas livres? De forma mais específica, este trabalho destinou-se a estudar o modo como se pensou a incorporação do liberto ao mercado de trabalho livre desde o início do processo de Abolição da escravatura brasileira. Se o discurso propalava a sua "incapacidade" para aproveitar as novas oportunidades que surgiam por causa da própria natureza do seu trabalho servil, quais foram as sugestões do ponto de vista político-institucional, para que ele pudesse ser aproveitado na sociedade que surgia, em termos educacionais e profissionais e quais as funções que lhe seriam destinadas, efetivamente, para que pudessem exercer o papel de cidadãos no mercado e em uma nova sociedade? Respondendo a estas questões é que me propus a escrever este trabalho. Acredito porém, que muitas questões ainda estão em aberto sobre este tema. Com certeza, ele conseguiu suprir apenas algumas lacunas que existiam. Para o estudo do tema, foi delimitado o período 1870 a 1920. Com a aprovação da lei do Ventre Livre, em 1871 iniciou-se a emancipação dos escravos no Brasil e, especificamente, a partir dela é que os senhores tiveram que pensar mais seriamente sobre os rumos que deveria tomar a transição em curso. A partir desse momento, até 1888, muitas serão as discussões e os projetos sobre o tema. Na década de 1920, o padrão de evolução do mercado de trabalho que até então, vinha sendo seguido com a imigração em massa subsidiada é alterado. É a partir daí, que a participação do ex-escravo torna-se visível nos diversos setores da economia segundo a bibliografia. O município de Piracicaba mostrou-se um local privilegiado para se estudar o tema da incorporação do elemento ex-escravo no mercado de trabalho após a Abolição, porque mantinha uma economia local relativamente diferente das demais regiões do oeste paulista. Sabe-se que nesse determinado momento da história de São Paulo a lavoura cafeeira era a que reinava como a principal riqueza da província/estado. Foram, portanto, os seus interesses que comandaram o modo como se deu a transição da escravidão para o trabalho livre em São Paulo. Piracicaba, nessa época, também plantou café, porém nunca deixou de plantar a cana-de-açúcar. O açúcar será o principal item para a economia do município, no início do século XX. Isso deu especificidades ao modo de como se organizaram as relações de trabalho na agricultura e, especialmente, em relação ao ex-escravo

ASSUNTO(S)

libertos (escravos) - piracicaba (sp) escravos - emancipação - piracicaba (sp)

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