Trocas ortográficas: uma interpretação a partir de análises acústicas

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A fala é um fator importante durante o processo de aprendizagem da escrita; a criança evoca as imagens articulatórias dos fonemas que ela ouve e dos que ela mesma produz, para fazer uma correta relação fonema/grafema. Um fenômeno bastante comum, tanto no período de aprendizagem da escrita quanto nas séries subseqüentes, são as trocas de letras na escrita. Algumas delas envolvem a grafia de consoantes plosivas e fricativas que se distinguem pelo traço de sonoridade (pares mínimos). Este trabalho analisa acusticamente a fala de crianças da 4 série do Ensino Fundamental, que apresentam esse tipo de trocas na escrita, sem, no entanto apresentá-las na fala. Foram analisados segmentos plosivos e fricativos em diferentes contextos de tonicidade, diante das vogais [e], [o] e [a] e comparados informantes femininos e masculinos. Nesse estudo, a duração foi o parâmetro de análise escolhido: VOT para as consoantes plosivas e duração total do segmento para as fricativas. Foram analisados dois grupos: um composto por crianças que não apresentavam trocas do traço surdo/sonoro na escrita, denominado grupo controle; e outro, formado por crianças que as apresentavam, denominado grupo trocas. Os dados evidenciaram diferenças significativas entre meninas e meninos tanto no grupo controle quanto no grupo trocas. Também foram observadas diferenças significativas entre os dois grupos analisados controle e trocas na duração dos segmentos plosivos velares e alveolares não vozeados e fricativos labiais vozeados e palatais não vozeados. Em alguns dos dados analisados, foram observadas características acústicas não previstas pela literatura da área; tais características foram tratadas aqui como inadequações acústicas. Estas inadequações ocorreram em todas as consoantes analisadas e nos dois grupos pesquisados, porém mostraram-se muito mais freqüentes no grupo trocas. Foram realizados, ainda, testes perceptuais a partir de sílabas com e sem inadequações acústicas; os resultados desses testes mostraram que não há diferenças perceptuais entre o grupo controle e o trocas. Assim, há evidências de que a relação entre imprecisões articulatórias e as trocas na grafia dos segmentos plosivos e fricativos é positiva.

ASSUNTO(S)

crianças linguistica comunicação oral linguistica escrita - avaliaçao fala - avaliaçao

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