Treponematoses e outras paleopatologias em sítios arqueológicos pré-históricos do litoral sul e sudeste do Brasil / Treponematoses and other paleopathologies in prehistoric archaeological sites in the south and southeastern coast of Brazil
AUTOR(ES)
José Filippini
FONTE
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
13/04/2012
RESUMO
Embora estudadas há décadas, a origem e dispersão de treponematoses permanecem como questões das mais acirradamente discutidas. No intuito de enriquecer esta discussão, a presente tese avalia sistematicamente 45 coleções osteológicas de populações costeiras do sul-sudeste do Brasil datadas entre 5000 anos AP e 1500 AD. Foram combinadas três metodologias numa abordagem conservadora para estabelecer o diagnóstico diferencial entre sífilis venérea, congênita, endêmica (bejel) e framboesia (yaws). Dentre os 768 indivíduos estudados foram encontrados 22 casos suspeitos de treponematose, inclusive com lesões tipo Caries sicca e tíbia em forma de sabre (sinais patognomônicos). A frequência geral resultante (22/768=2,86%) é certamente uma subestimativa. Houve 4 casos claros de sífilis venérea e 9 de framboesia, sendo os demais inconclusivos. Não foi observado nenhum caso claro de bejel e nos sítios com mais de um tipo suspeito, os diagnósticos eram iguais ou inconclusivos. Não houve tampouco um padrão geográfico ou temporal claro na distribuição dos casos de treponematose. Algumas outras paleopatologias (Cribra orbitalia, hiperostose porotica, periostite e osteomielite) foram estudadas no intuito de testar se os grupos acometidos por treponematose apresentam maior estresse fisiológico. Esta hipótese foi confirmada; embora as causas para maior susceptibilidade à estresse fisiológico e treponematoses em alguns sítios em comparação com outros permaneçam em aberto. Algumas tendências temporais foram observadas, porém necessitam de confirmação. Ao longo dos milênios parece ter havido uma frequência decrescente de Cribra orbitalia, osteomielite, periostite e remodelação óssea. Por outro lado, parece ter havido uma frequência crescente nos aumentos de porosidades cranianas (Hiperostose porótica, porosidade serpentinosa craniana) e de treponematoses de 5000 anos AP a 1500 AD. Se os diagnósticos aqui apresentados forem confirmados, corrobora-se a hipótese pré-Colombiana. Por outro lado, a hipótese Colombiana da origem da sífilis há somente 500 anos, assim como a Unitária (de acordo com a qual a treponematose é uma doença com manifestações moduladas por fatores climáticos e bioculturais) não explicariam a distribuição das treponematoses aqui encontradas.
ASSUNTO(S)
paleopathology paleopatologia sambaqui shellmounds treponematose treponematosis
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