Tratamento de crises epilépticas na insuficiência renal e na insuficiência hepática

AUTOR(ES)
FONTE

Journal of Epilepsy and Clinical Neurophysiology

DATA DE PUBLICAÇÃO

2008-11

RESUMO

INTRODUÇÃO: Doenças renais e hepáticas causam crises epilépticas e pacientes com epilepsia podem sofrer doenças renais e hepáticas modificadoras do metabolismo das drogas antiepilépticas (DAEs). OBJETIVOS: Rever como crises epilépticas podem ser causadas pelas alterações metabólicas próprias às doenças renais e hepáticas, pelo tratamento das mesmas e de suas comorbidades e de que forma a escolha das DAEs é influenciada por estas condições. RESULTADOS: Crises surgem na insuficiência renal associadas ao acúmulo de toxinas e complicações como sepse, hemorragias, hipertensão maligna, distúrbios de pH e hidroeletrolíticos. A hemodiálise associa-se a síndrome do desequilíbrio agudo e a demência. A diálise peritoneal pode conduzir ao coma hiperosmolar não-cetótico. A imunossupressão pós- transplante renal é neurotóxica e predispõe a leucoencefalopatia posterior, linfoma cerebral e infecções. Alguns antibióticos baixam o limiar convulsivante, com risco de estado epiléptico. As DAEs mais utilizadas na uremia incluem benzodiazepínicos, etossuximida, fenitoína e fenobarbital. Ao tratar-se epilepsia na insuficiência renal, a escolha da DAE permanece função do tipo de crise, mas as doses devem ser ajustadas, sobretudo no que tange às DAEs hidrossolúveis, de baixo peso molecular, pouco ligadas a proteínas e de baixo volume de distribuição aparente. A insuficiência hepática conduz a quadros de encefalopatia que geram crises, tratados pela redução dos níveis de amônia e da atividade bacteriana intestinal, reversão de edema cerebral e de hipertensão intracraniana. DAEs como fenitoína e benzodia zepínicos são quase sempre ineficazes. Imunossupressores pós transplante hepático causam crises tratadas sobretudo com fenitoína ou levetiracetam. Crises na doença de Wilson resultam de deficiência de piridoxina dependente de D-penicilamina. Pacientes com porfiria podem se beneficiar de gabapentina, oxcarbazepina ou levetiracetam. A doença hepática altera a farmacocinética das DAEs, demandando reajuste de suas doses. DAEs pouco metabolizadas pelo fígado como gabapentina, vigabatrina e levetiracetam são em teoria mais adequadas aqui. CONCLUSÃO: O tratamento eficaz das crises epilépticas nas doenças renais e hepáticas requer adequado diagnóstico destes distúrbios e de suas comorbidades, além de conhecimento do metabolismo das DAEs, de suas alterações farmacocinéticas nestes contextos, uso cauteloso de medicamentos concomitantes e monitoramento dos níveis séricos das DAEs.

ASSUNTO(S)

crises drogas antiepilépticas farmacocinética insuficiência renal insuficiência hepática hemodiálise

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