Transmissão de força miofascial do músculo grande dorsal para o glúteo máximo contralateral: uma investigação in vivo

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

02/03/2012

RESUMO

Introdução: Estudos evidenciam que a tensão produzida em um músculo pode ser transferida para estruturas anatomicamente distantes através da rede de tecido conectivo presente no corpo humano. A extensa conexão dos músculos grande dorsal (GD) e glúteo máximo (GM) com a fáscia toracolombar (FTL) e a orientação oblíqua de suas fibras sugerem a ocorrência de transmissão de força entre esses músculos. No entanto, as investigações sobre a transferência de força do GD ou do GM para a FTL foram realizadas em cadáveres, o que limita a generalização dos resultados para contextos in vivo. Uma possibilidade para evidenciar a transmissão de força miofascial do GD para o GM in vivo seria determinar se a tensão produzida no GD é capaz de modificar as propriedades passivas do quadril contralateral, tal como a posição de repouso (PR) e a rigidez passiva dessa articulação. Objetivo: Investigar se o tensionamento passivo ou ativo do GD é capaz de modificar a PR e a rigidez passiva do quadril contralateral de indivíduos saudáveis. Materiais e método: Um estudo quasi-experimental foi realizado com 37 voluntários de ambos os sexos, com média de idade de 24,92 ± 3,21 anos. Os participantes foram submetidos à avaliação do torque passivo de resistência do quadril durante o movimento de rotação medial utilizando um dinamômetro isocinético. Essa medida foi realizada em três condições de teste: 1) Controle; 2) Tensionamento passivo do GD e 3) Tensionamento ativo do GD. Durante a avaliação do torque passivo de resistência do quadril, eletromiografia foi utilizada para monitorar a atividade dos músculos do quadril e do GD em todas as condições de teste. A PR e a rigidez passiva do quadril foram as variáveis dependentes obtidas a partir do teste realizado no dinamômetro isocinético. Análises de variância para medidas repetidas foram realizadas para investigar se o tensionamento passivo ou ativo do GD foi capaz de modificar as propriedades passivas do quadril contralateral. Um nível de significância de 0,05 foi estabelecido para todas as análises. Resultados: O tensionamento passivo do GD modificou a PR do quadril na direção da rotação lateral (p = 0,009). Esse resultado demonstrou que a tensão adicional recebida pelo GM após o alongamento do GD foi suficiente para que o GM produzisse um maior torque de resistência ao movimento de rotação medial do quadril em cada posição articular. No entanto, o alongamento do GD não modificou significativamente a rigidez passiva do quadril (p >0,05). O tensionamento ativo do GD também deslocou a PR do quadril na direção da rotação lateral (p <0,001). Além disso, essa condição resultou em aumento da rigidez passiva do quadril (p 0,004), ou seja, a contração do GD aumentou a taxa de mudança do torque de resistência ao deslocamento angular do quadril. Conclusão: A manipulação de tensão no GD modificou as propriedades passivas do quadril contralateral, o que evidencia a ocorrência de transmissão de força do GD para o GM via FTL in vivo. Os resultados do presente estudo sugerem que parte da tensão produzida em alongamentos ou contrações musculares é capaz de propagar-se ao longo do tecido conectivo fascial, influenciando o comportamento mecânico de estruturas anatomicamente distantes

ASSUNTO(S)

músculos teses. fisioterapia teses. sistema musculoesquelético teses

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