Transfusões de concentrados de hemácias pioram os resultados mesmo em pacientes graves, submetidos a estratégia restritiva de transfusão

AUTOR(ES)
FONTE

Sao Paulo Medical Journal

DATA DE PUBLICAÇÃO

2012

RESUMO

CONTEXTO E OBJETIVO: Anemia e transfusões sanguíneas são comuns em terapia intensiva. O objetivo deste estudo foi investigar a epidemiologia e resultados em pacientes críticos sob o regime de transfusão restritiva. TIPO DE ESTUDO E LOCAL: Estudo de coorte, prospectivo e observacional em unidade de terapia intensiva de um hospital terciário. MÉTODOS: Foram incluídos todos adultos admitidos na unidade durante um ano e que permaneceram internados por mais de 72 horas, exceto pacientes com lesão coronariana aguda, isquemia cerebral aguda, hemorragia aguda, transfusão anterior, mulheres grávidas e testemunhas de Jeová. A estratégia restritiva consiste na transfusão indicada com a hemoglobina inferior ou igual a 7.0 g/dl. RESULTADOS: Totalizando 167 pacientes incluídos, APACHE II (Acute Physiology and Chronic Health disease II) foi de 28,9 ± 6,5. O valor da hemoglobina basal foi de 10,6 ± 2.2 g/dl e no 28º dia foi de 8,2 ± 1.3 g/dl (P < 0,001). 35% dos pacientes receberam transfusões. No grupo de transfusão 61,1% não sobreviveram versus 48,6% do grupo não transfusão (P = 0,03). A transfusão foi fator de risco independente de mortalidade (P = 0,011; odds ratio, OR = 2,67; intervalo de confiança, IC 95% = 1,25-5,69). A internação na unidade de terapia intensiva e hospitalar foi maior no grupo de transfusão: 20,0 (3,0-83,0) versus 8,0 (3,0-63,0) dias (P < 0,001); e 24,0 (3,0-140,0) versus 14,0 (3,0-80,0) dias (P = 0,002). CONCLUSÕES: Em pacientes graves, observou-se redução da hemoglobina com a progressão da permanência na UTI. Além disso, a transfusão foi associada com piores prognósticos.

ASSUNTO(S)

anemia transfusão de sangue cuidados intensivos mortalidade hospitalar morbidade

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