Trajetória do biodisel de soja: questões ambientais, disponibilidade alimentar e constrangimento ao PNPB / Trajectory of the Biodiesel of Soybean: environmental questions, alimentary availability and constraints to the PNPB
AUTOR(ES)
Marisa Zeferino Barbosa
FONTE
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
28/03/2011
RESUMO
O presente trabalho discute a hipótese da presença da soja e de seu complexo agroindustrial na produção de biodiesel ser explicada por políticas públicas anteriores e por seus legados institucionais que interferem na inclusão de outras matérias-primas, contrariando os objetivos do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB). O complexo agroindustrial da soja é visto como resultado da modernização parcial da agricultura brasileira e que hoje oferece constrangimentos ao cumprimento do Programa sob os aspectos: ambiental; da concorrência em área com os cultivos alimentares; da disponibilidade de óleo de soja para alimento e; da inclusão do agricultor familiar mais pobre do semi-árido nordestino. A argumentação se sustenta no marco analítico de dependência de trajetória, vertente do novo institucionalismo que juntamente com o referencial neocorporatista permitiu inferir que as políticas voltadas à modernização da agricultura configuraram a organização de interesses que se fazem presentes na produção biodiesel na atualidade. Apesar do avanço tecnológico, é principalmente em área que a produção de soja cresce no Brasil. O maior interesse no biodiesel tende a agravar todas as formas de impactos ambientais decorrentes da ocupação da agricultura intensiva, representada pela sojicultura, nos biomas Cerrado e Amazônico. Os interesses atuais nessas regiões são os mesmos moldados pelas políticas de apoio à ocupação das fronteiras agrícolas e o avanço da cultura consiste no efeito institucional das medidas implementadas no passado. Há possibilidade de ajustes nos suprimentos de grão e de óleo, de acordo com os interesses dos agentes do complexo, que pode ser denominado soja/biodiesel, em virtude da agroindústria produzir biodiesel, o que reforça a dependência do biodiesel em relação a soja. Entretanto, o consumo de óleo cresce a taxas superiores à oferta, sob o risco de comprometer o abastecimento desse gênero alimentício. A agricultura familiar que participa do fornecimento de matéria-prima para a produção de biodiesel é a produtora de soja, posto que sempre esteve vinculada aos sistemas agroindustriais. Como a agricultura da soja não é a aquela que o PNPB tem a intenção de inserir na produção de biodiesel, mas que mesmo assim se mantem hegmônica, é possível então afirmar que os mecanismos do Programa têm se mostrado insuficientes para romper com as continuidades que a soja e seu complexo agroindustrial representam no novo mercado que se abre no país, para proporcionar maior participação dos agricultores mais pobres produtores de outras matérias-primas na produção do biocombustível. As dificuldades no rompimento com essas estruturas expressam as interferências das políticas e escolhas anteriores e seus interesses constituídos, cujos padrões tendem a dificultar a mudança de rota, representada pela construção do novo mercado de biocombustíveis nos moldes expressos pelo PNPB.
ASSUNTO(S)
public policies biodiesel soja políticas públicas biodiesel soybean path dependence outros
ACESSO AO ARTIGO
http://tede.ufabc.edu.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=145Documentos Relacionados
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