Tráfico de mulheres, negócios de homens : leituras feministas e anti-coloniais sobre os homens, as masculinidades e/ou o masculino

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Os estudos sobre os homens, o masculino ou as masculinidades surgiram ao longo da década de 1970 dentro de diferentes tendências do feminismo ou de sua área de influência. Os esforços de diálogo entre estas tendências são escassos, pretendendo esta dissertação se somar a eles. Dentre uma ampla lista de obras pertencente a estes estudos, foi selecionado um conjunto de textos que puderam ser agrupados em sete tradições, diferenciadas segundo a área acadêmica ou política, a língua e o campo de diálogo. Dentro de cada uma destas tradições, foi escolhida uma autora ou um autor cuja obra foi lida com particular atenção. As tradições e autoras escolhidas foram as que seguem: feminismo negro estadunidense (bell hooks), feminismo pós-estruturalista estadunidense (Eve Sedgwick), ciências humanas em língua inglesa (Raewyn Connell), ciências humanas em língua francesa (Daniel Welzer-Lang), ciências humanas em língua portuguesa (Rita Segato), ciências humanas em língua castelhana (José Olavarría) e psicanálise (Monique Schneider). Em cada um dos casos, procedeu-se a uma leitura das obras das autoras, procurando-se ressaltar a especificidade de cada pensamento, o modo como se inserem ou dialogam com a tradição feminista e alguns dos pontos que permitem uma comparação com outras autoras das tradições consideradas. Outras pensadoras e pensadores feministas, anti-coloniais e/ou pósheideggerianos foram também lidos na medida em que enriqueciam as discussões dentro dos capítulos ou entre estes. No último capítulo, alguns aspectos coincidentes e divergentes entre diferentes textos foram aprofundados, aqueles relacionados à perspectiva histórica, ao espaço dito subjetivo dos homens e às concepções políticas no campo do gênero. O debate mais frutífero que se estabeleceu ao longo da dissertação ocorreu entre as autoras que se encontram dentro do paradigma do tráfico de mulheres (principalmente Sedgwick, Segato e também Robyn Wiegman) e aquelas dentro do pensamento anti-colonial (hooks, novamente Segato e Wiegman, Connell e também Angela Davis, Michele Wallace e Arlette Gautier), permitindo a emergência de uma hipótese compreensiva que articula os distintos modos de domínio da (hetero)sexualidade das mulheres às formas diferenciadas de exploração do trabalho que emergem com a expansão colonial e capitalista e que deram origem às configurações raciais, tal como exposto por Aníbal Quijano. Imbricadas as formas de opressão, também o estão as formas de resistência, tornando-se a luta pela liberação das mulheres uma forma de descolonização dos povos.

ASSUNTO(S)

feminismo psicologia psicologia prostituição masculinity masculinidade mulheres

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