Tradições populares e resistências culturais : políticas públicas em perspectiva comparada

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

produção simbólica em países que, como Brasil e Espanha, venceram imposições autoritárias e criaram leis e estruturas próprias para o financiamento da cultura. O desenvolvimento de processos de (re)ordenamentos administrativos que caracterizam a entrada desses países no rumo democrático levou à (re)significação dos valores que tradicionalmente os marcavam. No entanto, o (re)ordenamento administrativo não explica toda a cultura que sobrevive na contemporaneidade, assim busca-se, por meio desta tese, compreender como tal processo se institui, ou melhor, como a autonomização do campo de produção simbólica, interpretado como o conseqüente contato do mundo da cultura com a esfera racional econômico-administrativa moderna se estabelece e, sobretudo, quais os limites e as possibilidades advindos quando as novas formas de gestão dos recursos públicos para a cultura incluem as tradições populares. A tentativa de compreender a constituição de um novo campo cultural levou à análise das diretrizes gerais estabelecidas para a promoção e o fomento da cultura em duas unidades federativas dos países acima citados (Bahia e Catalunha). Nesses contextos, as conjunturas político-culturais que se desenham, após o fim das ditaduras, realçam o esforço dos governos locais em estimular processos de identificação e distinção, enquanto estratégia de desenvolvimento socioeconômico, que utilizam as tradições da cultura popular como motor da potencialização dos elementos constituintes de narrativas de comunidades imaginadas. Diferentes correntes da sociologia são articuladas na constituição deste estudo, buscando ressaltar a concepção da modernidade como produtora de atores reflexivos que, ao encontrarem as formulações necessárias para uma compreensão da nação como uma narrativa, habilmente, promovem por meio de inúmeras incursões sociais, a revitalização das tradições, constituindo atos simbólicos atravessados por processos de afirmação identitária. A pesquisa amparou-se em dois eixos: na análise e comparação de documentos oficiais produzidos por entidades locais, nacionais e supranacionais e no estudo comparado de transcrições de entrevistas realizadas com os proponentes de projetos culturais na linha de tradições populares e membros das entidades locais que gerenciam o financiamento público da cultura. Para tanto, tomou-se como núcleos centrais de análise o Programa de Incentivo à Cultura do Estado da Bahia e o Centro de Promoção da Cultura Popular e Tradicional Catalana. As análises realizadas nos dois contextos permitiram inferir que, ao eleger as áreas da cultura como elemento constitutivo da política de desenvolvimento socioeconômico, os governos da Bahia e da Catalunha apostaram na constituição de processos de identificação e, conseqüentemente, de diferenciação, como estratégia local de inserção no mundo global que definem esses como de comunidades imaginadas.

ASSUNTO(S)

politics política cultural (re)significação (re)ordenamento financiamento culture reorganization sociologia financing redefinition

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