TRABALHO DOCENTE, FAMÍLIA E VIDA PESSOAL: permanências, deslocamentos e mudanças contemporâneas. / TEACHING WORK, FAMILY AND PERSONAL LIFE: continuities, changes and shifts contemporary.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

29/03/2012

RESUMO

Tendo como epistemologia a perspectiva histórico-crítica e feminista, (considerando o contexto da sociedade brasileira, nordestina e os processos de reestruturação produtiva da universidade) esta pesquisa objetivou conhecer os deslocamentos, as mudanças e permanências nos âmbitos do trabalho docente, da família e da vida pessoal, que dificultam e/ou possibilitam relações mais igualitárias, equitativas entre os gêneros e/ou que apontem outros padrões de sociabilidade favoráveis à articulação entre as esferas privada/pública, entre docentes que trabalham na universidade pública brasileira sergipana. Metodologicamente, a pesquisa qualitativa mostrou-se relevante por meio do estudo de caso. O campo empírico da pesquisa foi a Universidade Federal de Sergipe/Campus São Cristóvão e seus centros: CCSA, CCBS, CCET, CECH. Utilizaram-se várias fontes de coleta de dados como sites (CNPQ, Ministério da Ciência e Tecnologia, SBPC, ANDIFES, Conselho de Reitores Universitários, IBGE, PNAD); o Anuário Estatístico 2008, da Universidade Federal de Sergipe para traçar o perfil das/os docentes. Foram trabalhadas várias categorias teóricas como divisão sexual do trabalho, segregação vertical e horizontal, teto de vidro, precarização do trabalho, entre outras. Identificou-se a concentração dos grupos ocupacionais masculinos e femininos na população de 323 (60,6%) homens e 210 (39,4%) mulheres, totalizando 533 (100%) docentes do quadro permanente, do ano de 2008. Foram aplicados 107 questionários fechados e 14 questionários abertos. Os resultados informam que no contexto do trabalho docente na UFS, permanece a divisão sexual, a segregação horizontal e vertical, descobrindo-se a segregação paralela compondo a segregação tridimensional; permanece o gueto nas ciências exatas; constata-se que a produtividade e o trabalho substituto são prioritariamente ocupados pelo sexo feminino. As representações dos sujeitos apontam com relação às responsabilidades familiares que, em nome do amor e do dever materno, as mulheres preponderantemente assumem tais responsabilidades, e não se auto identificam como feministas; são ao mesmo tempo vencedoras e perdedoras da reflexividade; verificam-se estereótipos de gênero como expressão do preconceito. Quanto à vida pessoal, os dados apontam que as mulheres descansam menos de 8 horas por dia, assumem uma quádrupla jornada de trabalho, e entre as mulheres casadas estas horas estão associadas ao cuidar dos filhos e de si mesmas. Constata-se que os arquétipos tradicionais ligados ao patriarcalismo, aos papéis direcionados à mulher (cozinhar, cozer e cuidar) foram substituídos por estudar, trabalhar, amar, procriar ou não, e cuidar, estes não necessariamente ligados ao casamento ou à heterossexualidade. Os papéis do homem como chefe da família e provedor, também sofreram deslocamentos resultantes da participação da mulher no mercado de trabalho, da elevação de seus níveis de escolaridade, do agravamento econômico para sustentar a família ou a intensificação do consumismo e da maternidade reflexiva. Assim, articular trabalho, família e vida pessoal não é uma questão só de mulheres. É uma questão de homens e de mulheres enquanto procriadores de seres humanos; do Estado, enquanto questão social, e assim, deve ser objeto de políticas públicas; das organizações, enquanto objeto de ações de responsabilidade social; da sociedade civil organizada numa perspectiva de atuação coletiva na luta por direitos humanos igualitários e equitativos.

ASSUNTO(S)

família trabalho docente vida pessoal divisão sexual do trabalho educacao teaching work family personal life labor sexual division

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