Trabalhadores de verão : políticas públicas, turismo e emprego no litoral potiguar

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O turismo no Estado do Rio Grande do Norte (RN) é apresentado constantemente pela mídia como uma fonte de desenvolvimento regional e local, dados os investimentos auferidos e a real/potencial geração de empregos em seus diferentes setores. As políticas públicas do setor foram e são responsáveis pela captação de investimentos privados e sua conseqüente geração de postos de trabalho. Em meados dos anos 90, o Governo do RN implementou o Programa de Desenvolvimento do Turismo no Rio Grande do Norte PRODETUR/RN I, com vistas à competitividade local enquanto destino regional e nacional. O referido Programa foi responsável por diversos investimentos em infra-estrutura nos espaços envolvidos, muito embora de forma assimétrica. Tais investimentos contribuíram para reforçar ainda mais os discursos positivos sobre o binômio turismo e emprego. Em decorrência destes discursos acríticos acerca do turismo enquanto gerador de empregos e desenvolvimento local é que se justificou esta pesquisa, já que não se questiona a qualidade dos empregos gerados pela atividade turística; e, de maneira análoga, não se questionam os custos sociais desta política pública, isto é, a pertinência de seu modelo de desenvolvimento. A partir da problemática delineada acima as questões que nortearam este trabalho foram: em que medida a política pública de turismo denominada de PRODETUR/RN I foi eficaz para a geração de empregos nos municípios contemplados? Quais as características destes empregos? E como estes empregos se distribuem e repercutem espacialmente nos municípios integrantes? Dessa forma, a área delimitada para o estudo abrangeu os seis municípios englobados por esse Programa: Natal, Parnamirim, Ceará-Mirim, Nísia Floresta, Extremoz e Tibau do Sul. A delimitação temporal refere-se ao início de implantação do referido Programa, ou seja, 1996, estendendo-se até os dias atuais. A pesquisa de campo fundamentou-se na aplicação de 186 questionários com trabalhadores empregados no turismo litorâneo potiguar, além da realização (secundária) de oito entrevistas com atores sociais diretamente ligados ao tema. Como considerações finais da pesquisa, tem-se que existe uma assimetria no espaço turístico potiguar, onde Natal é o espaço que recebe os maiores benefícios proporcionados pela atividade, enquanto os demais municípios dão sustentação à atividade turística natalense. Dessa forma, os municípios periféricos (todos exceto Natal) englobados no PRODETUR/RN I exercem o papel de subprodutos da cidade capital, onde a precarização das relações de trabalho se acentua ainda mais nestes municípios secundários. A política pública ao invés de tentar equalizar os benefícios da atividade nos seis municípios, contribui ainda mais para reforçar o nível de centralidade de Natal. O PRODETUR/RN I foi capaz de gerar, indiretamente, significativos empregos, muito embora a maioria destes se situe nos níveis operacionais da atividade, com as características vislumbradas pela pesquisa (baixa escolaridade, ínfimos rendimentos, informalidade, elevadas jornadas de trabalho, baixo grau de sindicalização, etc); os empregos que são gerados se localizam expressivamente em Natal; e os demais municípios servem como elementos de apoio para a capital enquanto produto central das decisões sobre o turismo no estado do RN

ASSUNTO(S)

políticas públicas litoral potiguar turismo litoral potiguar geografia prodetur/rn i prodetur/rn i emprego turismo empleo políticas públicas

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