Toxicidade e alterações hematológicas, morfofuncionais, bioquímicas e genéticas em curimbatás, Prochilodus lineatus, (Teleostei, Prochilodontidae) expostos ao fenantreno

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

30/05/2012

RESUMO

Estudos recentes têm mostrado que, a partir de 1990, houve um aumento abrupto e substancial das concentrações de fenantreno no ambiente aquático, em consequência, principalmente, do aumento das atividades com derivados de petróleo. Neste estudo foi determinada a toxicidade aguda (CL50;96 h) do fenantreno para a espécie Prochilodus lineatus (Teleostei, Prochilodontidae) e investigado o seu efeito sobre as brânquias e rins posteriores desta espécie quando exposta a concentrações subletais (correspondentes a 1/100, 1/50 e 1/5 da CL50;96h) durante 24 e 96 h, utilizando biomarcadores bioquímicos, morfológicos, osmo-iônicos, hematológicos e genéticos. Após os períodos experimentais, amostras de sangue foram obtidas, via punção caudal, para análise de variáveis plasmáticas, hematológicas e genotóxicas, e amostras de brânquias e rins foram coletadas e fixadas para análises morfológicas ou congeladas para análise bioquímica. O fenantreno pode ser considerado moderadamente tóxico para o P. lineatus, pois a CL50;96h estimada foi 1,013 mg.L-1. A exposição subletal ao fenantreno na concentração de 200 μg.L-1 (CL50/5), principalmente no período de 96 horas, provocou alterações significativas nos parâmetros morfológicos, bioquímicos, genotóxicos, osmo-iônicos e hematológicos. As alterações osmo-iônicas (aumento da osmolalidade e do íon Na+, e íon Cl- sem variação) sugeriram um desequilíbrio osmo-iônico, o qual foi confirmado com os resultados observados na atividade das enzimas envolvidas na osmorregulação (NKA e AC) em brânquias e rins (aumento da NKA em brânquias e rins, e aumento da AC nos rins ), e com as alterações no número de células-cloreto principalmente nos rins, os quais apresentaram um aumento. Além disso, ocorreram alterações histopatológicas branquiais e renais. As respostas hematológicas evidenciaram uma tentativa do organismo de melhorar a captação de oxigênio nas brânquias, além de respostas a processos inflamatórios provocados pelo contaminante. Quanto as enzimas de estresse oxidativo analisadas, tanto a inibição nas enzimas CAT e SOD, quanto a não alteração dos mecanismos das GPx, GST e GSH nas brânquias destes animais, levaram a um desequilíbrio entre os níveis de antioxidantes e próoxidantes e então a uma peroxidação lipídica. Em conclusão, as alterações observadas podem provocar efeitos adversos à saúde dos animais deste grupo (200 μg.L-1) de modo que, ocorrerá um desvio energético para restaurar as condições normais do organismo em detrimento de outras funções como crescimento e reprodução, além da possibilidade de ocorrer exaustão nestes animais se o ambiente permanecer contaminado, aumentando assim o risco de doenças e consequentemente a mortalidade dos indivíduos.

ASSUNTO(S)

peixe ecotoxicologia curimbatá (peixe) brânquias xenobiótica rins ecologia

Documentos Relacionados