Toxicidade do chorume de aterro doméstico : avaliação por meio de biomarcadores em bivalves

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

28/03/2012

RESUMO

Estudos ecotoxicológicos podem ser empregados na avaliação da qualidade de ecossistemas, por meio do uso de biomarcadores, que são alterações em parâmetros em nível subindividual que indicam que um organismo foi exposto a contaminantes. Os bivalves são organismos frequentemente utilizados em estudos ecotoxicológicos e a espécie Corbicula fluminea (Corbiculidae) está entre aquelas que mais aparecem nos estudos realizados em ambientes dulcícolas. O chorume produzido em lixões e aterros de resíduos domésticos é uma mistura complexa e variável que contém diversos tipos de compostos tóxicos, tais como metais e compostos orgânicos xenobióticos, os quais podem causar alterações em biomarcadores de animais aquáticos. No presente trabalho, fez-se o uso de biomarcadores para avaliar a toxicidade do chorume em bivalves C. fluminea em dois tipos distintos de testes de toxicidade. Foram realizados testes de toxicidade in situ em três pontos (P1, P2 e Periq3) de um córrego contaminado por chorume de aterro doméstico e, também, testes de toxicidade em laboratório com diferentes diluições (10X, 18X, 32X e 50X) do chorume bruto retirado do mesmo aterro controlado. Os biomarcadores avaliados foram de biotransformação de xenobióticos (EROD: 7-etoxiresorufina-O-deetilase; GST: glutationa S transferase; MXR: mecanismo de resistência a multixenobióticos), estresse oxidativo (ERO: geração de espécies reativas de oxigênio; CAO: capacidade antioxidante total; LPO: lipoperoxidação), danos no DNA (ensaio do cometa), conteúdo de metalotioneínas (MT) e expressão relativa dos genes piGST e MT. Além disso, nos testes de toxicidade in situ foi avaliado o acúmulo dos metais Al, Cd, Cr, Cu, Mn, Ni e Pb nas brânquias e glândulas digestivas dos bivalves. Nos testes realizados em laboratório também foram analisadas a expressão gênica dos genes da GST e MT, nos bivalves expostos por 5 dias a diluição de 50X. Os resultados mais relevantes mostram que o chorume, independente do tipo de teste de toxicidade empregado, provoca a redução da atividade da EROD em brânquias e indução na glândula digestiva, o aumento da atividade da GST, a redução do MXR, ocorrência de LPO e aumento do conteúdo de MT. O ensaio do cometa realizado mostrou que danos no DNA de hemócitos de bivalves C. fluminea ocorrem a partir de 15 dias de exposição ao chorume. O metal Cr teve maior acúmulo nos tecidos dos bivalves confinados nos três pontos do córrego contaminado por chorume, podendo este ser um potencial contaminante do chorume com ação tóxica sobre os bivalves. Conclui-se que mesmo nos experimentos em campo ou em laboratório o chorume foi tóxico para os bivalves, que apresentaram alterações mesmo no ponto mais distante da fonte de chorume e na maior diluição testada. Isto mostra que o tratamento ou diluições do chorume precisam ser maiores ou mais eficientes para evitar danos mais severos e permanentes a biota aquática.

ASSUNTO(S)

bivalve resídulos sólidos - toxicidade toxicidade ecossistemas aquáticos bivalvia toxicity

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