Tornar-se, ser e viver do professorado: entre regularidades e variações identitárias

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O objetivo central desta pesquisa foi analisar a configuração identitária do professorado do ensino fundamental público, da região metropolitana de Natal RN. Parte-se da hipótese que o ser professor, nesse contexto, constitui-se a partir das regularidades de um habitus específico, o qual, segundo Bourdieu, traduz-se em esquemas mentais de pensamento e ação de um determinado grupo social. Esse habitus é a base sobre a qual se constrói a representação social sobre o ser professor, predominante no grupo, e as distinções simbólicas que marcam as suas variações identitárias. Três fontes de dados foram fundamentais para a construção da tese: (a) memoriais de formação de alunas graduandas de um Curso Normal Superior e a observação direta de algumas das defesas públicas desses realizadas durante o trabalho de campo; (b) um questionário para caracterização econômica, social e cultural de uma amostra de professores da rede pública municipal de Natal RN, e a (c) aplicação do Procedimento de Classificações Múltiplas (PCM) a uma sub-amostra desta população. A análise dos dados foi feita com o auxílio da estatística não-paramétrica e multidimensional, do método de Análise Categorial de Conteúdo e da Análise da Enunciação. Os resultados da análise tomaram em conta um amplo conjunto de variáveis, suas associações e implicações, o perfil social e cultural da população investigada, incluindo seu estilo de vida e gostos, as estratégias desenvolvidas pelos agentes no processo de tornar-se professor/a e a representação social do ser professor. Conclui-se que a identidade social do professorado, ou, como se prefere dizer aqui, o ser professor, é resultado de um conjunto de regularidades produzidas pelo habitus que dá forma social e sentido à existência do grupo. Constata-se a existência de variações identitárias que são provocadas pelas variáveis nível educacional e modalidade de atuação no ensino fundamental (se as primeiras ou últimas séries em que atuam os sujeitos). Todavia, essas variações não são capazes de quebrar a força das regularidades que dão forma, sentido e visibilidade social ao grupo. A representação social do ser professor indica as tensões, ambigüidades e tendências inerentes ao senso comum e aponta uma forte tendência para a ressignificação do ser professor. Defende-se, portanto, a tese que a configuração identitária do professorado investigado caracteriza-se por uma síntese integradora, produto de um habitus, que se sobrepõe e, ao mesmo tempo, coexiste com diferentes variações identitárias

ASSUNTO(S)

educacao social identity representação social fundamental education teacher social representation professor ensino fundamental habitus identidade social habitus

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