TÍPICO FAMILIAR DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SOFRIMENTO PSÍQUICO REFLEXÕES PARA O CUIDADO CLÍNICO DE ENFERMAGEM

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

20/12/2011

RESUMO

Com a Reforma Psiquiátrica, o papel da família no cuidado à pessoa em sofrimento psíquico é crescente. Contudo, são diversas as dificuldades vivenciadas pelo portador no lidar cotidiano. Nesse contexto, o Centro de Atenção Psicossocial Infanto juvenil (CAPSi) destaca-se como elemento que auxilia a família no acompanhamento do sofrimento psíquico de crianças e adolescentes. Destarte, para que os profissionais da saúde mental possam realizar o cuidado, visando a suprir as necessidades das famílias, faz-se necessário conhecê-las. O estudo objetivou compreender o típico familiar da criança e adolescente em sofrimento psíquico. Para realização da abordagem em família, utilizou-se o Modelo Calgary de Avaliação da Família, com a utilização de questionamentos circulares e elaboração de genograma e ecomapa junto às famílias. A compreensão ocorreu a partir da fenomenologia do social de Alfred Schutz, com evidenciação de categorias concretas e elucidação das motivações das famílias com crianças acompanhadas no CAPSi. A coleta de informações ocorreu em um CAPSi de Fortaleza, Ceará. Foram sujeitos desta pesquisa as famílias, com pelo menos um membro participe do grupo de familiares no CAPSi há mais de dois meses e cujas crianças e adolescentes a eles vinculados tivessem pelo menos três meses de acompanhamento no CAPSi, totalizando 15 famílias. Com nomes fictícios, as famílias foram apresentadas por meio de genogramas e ecomapas e descritas para facilitar a compreensão das mesmas. Assim, foram constituídas as categorias concretas, possibilitando evidenciar as motivações e constituição do tipo vivido das famílias. Logo, obteve-se que o principal cuidador residia no mesmo domicílio que a criança ou adolescente atendido. As famílias necessitavam de apoio na vivência diária com o indivíduo em sofrimento psíquico, pois vivenciavam muitas dificuldades, como as escolares, também o preconceito de familiares e de colegas de escola. Constituíram famílias que buscavam por diversos meio de apoio para a melhoria da saúde mental das crianças e adolescentes. Eram marcadas por amplas modificações e priorizavam as atividades imediatamente relacionadas à criança ou ao adolescente. Com isso, faltava disponibilidade, especialmente de tempo, do principal cuidador para exercer atividades remuneradas. Evidenciou-se tanto o desgaste físico quanto o emocional da família, aliados às dificuldades para a manutenção do tratamento proporcionado pelos problemas na adesão da criança ou adolescente ao tratamento medicamentoso e de alguns familiares que não acreditam no sofrimento psíquico do membro. Diante dos obstáculos e da carência de suporte, foi na religiosidade que essas famílias conseguiram o encorajamento para a manutenção do tratamento. Enfatiza-se que eram, ainda, famílias preocupadas com o futuro e ansiosas com as incertezas do tratamento. Essas famílias demonstraram esperança quanto à melhoria da saúde mental por meio do tratamento no CAPSi, fé que se fragilizava pela demora na visualização dos resultados ou pelas dificuldades em manter a terapêutica. Ao conhecer o tipo vivido dessas famílias, é possível que os cuidados em saúde mental possam ser direcionados às reais necessidades, cabendo à equipe multiprofissional, em especial o enfermeiro, atender às demandas apresentadas.

ASSUNTO(S)

pesquisa qualitativa. saúde mental cuidado enfermagem família enfermagem

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