The psychoanalytical body in the hospital / O corpo psicanalítico no hospital

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Considerando que o processo de hospitalização implica uma desestruturação emocional do sujeito doente por fazê-lo deparar-se com sua vulnerabilidade e desamparo diante da morte e do adoecer, o objetivo deste trabalho é ver-fazer emergir o corpo psicanalítico na instituição hospitalar pela análise do sujeito psíquico. Realizamos uma leitura do sujeito-doente na atualidade, refletindo sobre os saberes contemporâneos e as posturas institucionais que se entrecruzam para a construção e a representação sócio-cultural do corpo adoecido e hospitalizado, partindo da premissa de que a necessidade de se controlar o corpo é reafirmada tanto pela cultura, quanto pelas instituições de cuidados com o corpo e assentida pelo homem pós-moderno, na busca de uma condição de perfeição que mortifica, que impõe um molde, que atrofia o sentimento de dúvida, de hesitação, de sofrimento e que, embora constatemos que essa tentativa de resistir ao encontro com a dúvida por meio de paralisação dos processos de subjetivação, o próprio corpo, como enunciação, procura retomar, procura relembrar a existência do corpo de pulsões, denunciando-lhe sua insaciabilidade fundante e revelando o sofrimento que é peculiar ao homem, para então nascer o ser em condição de análise, em crise identitária, emergindo o sujeito da falta, o sujeito do desejo. Eis aí o lugar do analista e do analisando: frente ao corpo psicanalítico. A psicanálise tem, neste trabalho, função de paráfrase, de instrumento metodológico que olha para além do enunciado sócio-cultural; posta-se como investigador da lógica de produção de sentidos emergentes ou os já constituídos, numa instituição que trata das urgências do corpo: o hospital, público, no século XXI. O corpo pulsional é considerado, aqui, como aquele que produz e sob o qual se produzem campos de representações nos quais se inserem os sujeitos e presume-se que sejam estes campos, regidos por lógicas específicas porque inconscientes é que determinam suas relações: sejam orgânicas, institucionais e subjetivas, sendo que os sujeitos são dialeticamente também constituídos por elas; visto que o corpo é, ao mesmo tempo, fonte e finalidade das pulsões. Dois casos clínicos foram analisados tendo como operador essencial o método psicanalítico que revelou, a partir da relação transferencial, da postura interroganteinterpretante e da escuta analítica, a ascensão do sujeito do inconsciente o sujeito do desejo, psicanalítico por excelência, revivificando intervenções que se ocupam legitimamente do ofício às quais se destinam: cuidados para com o corpo psicanalítico mediante função terapêutica.

ASSUNTO(S)

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