The mental handicap subject and the paradoxes body / O sujeito deficiente mental e os paradoxos do corpo

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

O perfil do sujeito deficiente mental absolutamente corresponde ao modelo social vigente. Diante da não-escuta com que ele se depara, devido à sua fala caracterizada pela indistinção de vozes, rupturas, pelo embaralhamento do discurso do outro ao seu, ele lança mão de outras formas de fazer sentido. Não há como não fazer sentido, o sujeito é instado a (se) significar. Assim, o deficiente mental metaforiza, atravessando toda uma organização social, toda uma civilidade historicamente instaurada, para se subjetivar, para fazer sentido, invadindo o espaço do outro, com seu corpo de movimentos desajeitados, com seu excesso de toque. Convém lembrar, que assim como a língua, o corpo está submetido à gestão social. Não há lugar no mundo para corpos indisciplinados. Discursivamente falando, a falta constitutiva do deficiente mental se manifesta através de duas materialidades distintas: na língua pela fala caracterizada por indistinção e rupturas; no corpo pelo exagero e desordem dos movimentos. Se levarmos em conta que o interdiscurso é do nível da constituição e o intradiscurso é do nível da formulação, esta é que realiza o trabalho de juntar, alinhavar, costurar os sentidos dispersos no interdiscurso. Mas essas etapas são apagadas, para o próprio sujeito, pelos esquecimentos (Pêcheux, 1975). No deficiente mental este processo é falho (?) - tanto na fala, como no corpo, esses arremates são visíveis, ou seja, é o avesso da costura que salta aos olhos. Ao instaurar uma outra materialidade simbólica - o movimento do corpo no espaço - este sujeito produz uma resposta à incompreensão que a sociedade tem de sua linguagem verbal. O outro pode ignorar ou substituir sua fala desorganizada, mas não consegue ficar alheio ao espaço que o sujeito deficiente mental toma com seu corpo em movimento; seja pela simples perda desse espaço, seja pelo assujeitamento às regras sociais, seja pela civilidade que este outro corpo (do outro) assimilou... O sujeito deficiente mental tem na observação dos limites - identificar as fronteiras entre o que pode/deve ser feito e o que não pode/não deve ser feito a sua maior dificuldade. Para este sujeito que mantém sempre atual a sua expressão primeira - os movimentos corporais - a mobilidade espacial constitui a garantia de formular sentidos, de (se) significar... Com seus movimentos desajeitados, com os alinhavos e arremates à mostra... Fora do paradigma, mas no sentido. Résumé: Le profil du sujet handicapé mental ne correspond absolument pas au modèle social en vigueur. Face à la non-écoute à la quelle il se heurte, par sa parole caractérisée par l´indistinction des voix, par les ruptures, par le mélange du discours d autrui au sien, il se sert d autres moyens deproduire du sens. Il est impossible de ne pas produire du sens, le sujet est condamné à (se) signifier. Ainsi, le handicapé mental métaphorise, traversant de cette manière toute une organisation sociale, toute une civilité instaurée historiquement, pour se subjectiver, pour faire sens, envahissant l espace de l autre avec son corps, à mouvements maladroits, avec son toucher excessif. Il convient de rappeler qu ainsi que la langue, le corps est soumis à la gestion sociale. Il n y a pas de place dans le monde pour les corps indisciplinés. Discursivement parlant, le manque constitutif du handicapé mental se manifeste à travers deux matérialités distinctes : dans la langue, par la parole caractérisée par l indistinction et les ruptures; en ce qui concerne le corps, par l exagération et le désordre des mouvements. Si l on tient compte du fait que l interdiscours» est du niveau de la constitution et l intradiscours est du niveau de la formulation, c est celle-ci qui réalise le travail de joindre, aligner, coudre les sens dispersés de l interdiscours. Mais ces étapes sont effacées, chez le sujet lui même, par les oublis (Pêcheux, 1975). Chez le handicapé mental, ce processus est défaillant (?)- aussi bien dans la parole que le corps, ces achèvements sont visibles, c est-à-dire que c est l envers de la couture qui saute aux yeux. En instaurant une autre matérialité symbolique - le mouvement du corps dans l espace - ce sujet produit une réponse à l incompréhension que la société a de son langage verbal. L autre peut ignorer ou substituer sa parole désorganisée, mais il ne parvient pas à rester indifférent à l espace que le sujet handicapé mental prend avec son corps en mouvement; que ce soit par la simple perte de cet espace, par l assujettissement aux règles sociales ou par la civilité que cet autre corps (de l autre) a assimilé? La plus grande difficulté du sujet handicapé mental c?est l observation des limites: d?identifier les frontières entre ce qui peut/doit être fait et ce que ne peut/ne doit pas être fait. Pour ce sujet qui maintient toujours actuelle l expression première - les mouvements corporels - la mobilité dans l espace constitue la garantie pour formuler du sens, pour (se) signifier... Avec ses mouvement maladroits, avec l envers des coutures à portée de vue? En dehors du paradigme, mais dans le sens.

ASSUNTO(S)

corpo deficiente mental subjetividade discourse analysis body subjectivity analise do discurso mental handicap

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