The experience of living with HIV/AIDS in old age / A experiência de conviver com HIV/Aids na velhice

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Embora a velhice seja uma realidade biológica, os significados que lhe são atribuídos são construções sociais e históricas e se constitui em categoria de análise complexa e heterogênea. O aumento de casos de HIV/Aids entre pessoas acima de 60 anos e adultos tem sido reportado por pesquisadores e tido ampla repercussão na mídia, pois os dados mostram o aumento de casos proporcionais de HIV/Aids entre idosos e adultos comparado as outras faixas de idade. Entre as razões para esse aumento figuram a maior oferta de fármacos contra disfunção erétil, o baixo uso de preservativos nessa geração e o atraso no diagnóstico. A velhice é cercada por uma série de preconceitos e estereótipos (ageism) em razão da idade ou geração e o HIV/Aids nessa fase da vida gera perplexidade, pois rompe com o estereótipo da velhice como uma fase marcada pela assexualidade, recolhimento e passividade. O objetivo deste trabalho foi o de apresentar experiências de pessoas acima de 60 anos convivendo com HIV/Aids em uma cidade histórica de Minas Gerais, colocando em cena dois aspectos pouco estudados, que iluminam duas dinâmicas importantes da epidemia: a interiorização e o aumento dos casos em pessoas nessa faixa etária. A pesquisa foi realizada principalmente a partir de entrevistas com mulheres e homens, acima de 60 anos que eram acompanhados no Centro de Testagem e Aconselhamento em DST/aids (CTA) e com diagnóstico sorológico positivo para o HIV/aids. Participaram da pesquisa três mulheres e um homem, com idades variando entre 60 e 76 anos, com pouca escolaridade, renda e com um tempo de diagnóstico variando de 5 a 9 anos. As entrevistas foram gravadas e transcritas e os conteúdos foram submetidos à análise de conteúdo. A análise dos resultados mostra diferentes estratégias adotadas para o enfrentamento da questão do viver com HIV/Aids, sendo a principal delas a tática do silêncio, do segredo e da ocultação da condição de pessoa convivendo com HIV/Aids, como forma de evitar ainda mais as situações de estigma e discriminação que ocorrem de maneira mais evidente nas relações familiares e na vida cotidiana por meio de diversos constrangimentos. Um aspecto específico do conviver com HIV/Aids nessa fase da vida é o agravamento da diminuição gradual da rede de relações sociais freqüente entre os idosos. Este trabalho mostra que as dimensões sociais de vulnerabilidade, especialmente a pobreza, as desigualdades de gênero, o estigma e a discriminação marcam a experiência de conviver com HIV/Aids na velhice. A superação de tais dimensões constitui-se em processo histórico de transformações amplas nas estruturas sociais, políticas e econômicas, nas relações sociais de gênero e na desconstrução de preconceitos e estigmas.

ASSUNTO(S)

velhice acquired immune deficiency syndrome vulnerabilidade stigma old age estigma hiv/aids vulnerability discriminação discrimination

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