The Body in the Cinema: Thinking in Motion / O Corpo no Cinema: Pensamento em Movimento

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Inspirados pela proposta do filósofo Gilles Deleuze segundo a qual o elemento do cinema é o gesto e não a imagem, propomos o pensamento-ação do corpo como o modo de organização do filme. Para tanto, partimos da hipótese de que o corpo tem um lugar ainda não devidamente abordado pela teoria do cinema, embora a prática apresente exercícios preciosos de diferentes formas de representação, no contexto dos modos de organização dos gestos e das imagens criadas no corpo e a partir dele. O cinema apresenta-se como uma mídia suficientemente complexa para discutir o movimento em geral e, ao mesmo tempo, para colaborar com a pesquisa específica de buscar o lugar do corpo no filme. No decorrer do texto, sugerimos que estudar o corpo em movimento é reconhecê-lo como processador de comunicação na cena cinematográfica. Propomos conduzir os modos de construção da narrativa fílmica, expondo três recursos distintos de apropriação do corpo na criação de sentido: quando o lugar do corpo no filme está representado pela câmera, quando se organiza no corpo do personagem, e quando se apresenta na paisagem fílmica. Além de uma introdução histórica e conceitual que propõe uma taxonomia inédita das representações do corpo no filme, a dissertação apresenta dois capítulos. No primeiro, analisa um único filme, onde o pensamento do corpo não só ilumina bem estes três lugares propostos, como parece criar e conduzir a narrativa, estendendo-se a outros corpos em cena que dirigem nossa percepção e determinam uma estética e uma composição singulares. Trata-se da obra de Jean-Pierre e Luc Dardenne, O Filho (Le fils, 2002). No segundo capítulo, fazemos um exercício de criação em video, cuja linguagem propõe novas discussões e contribuições para o entendimento da construção de imagens a partir de um pensamento em movimento: Brevidade (2005). Como metodologia, trabalhamos com cruzamentos interteóricos específicos, a partir das pesquisas de especialistas como Jacques Aumont (1997), François Jost e André Gaudreault (1990), José Lino Grunewald, Phillippe Dubois e Arlindo Machado (2004); e das investigações de alguns conceitos estudados pelos neurocientistas António Damasio (1999), Rodolfo Llinás (2003) e Gerald Edelman (2003), redimensionados pelos filósofos Gilles Deleuze (1984, 2000), George Lakoff e Mark Johnson (2001) e pelas pesquisadoras Helena Katz e Christine Greiner (2005) no que se refere especificamente aos estudos do corpo como objeto da comunicação. Dentre as inúmeras conexões que poderiam ser estudadas, destacamos os tópicos referentes ao estudos do tempo, do movimento, da criação de imagens internas e dos trânsitos com o ambiente. Trata-se, portanto, de um exercício teórico-prático para selecionar informações dos textos acadêmicos e científicos e trazê-los ao contexto artístico e comunicacional, através de uma interseção teórica e uma proposta criativa, cujo objetivo principal é iniciar um processo que deverá ser continuado no doutorado, no sentido de tornar os estudos do cinema disponíveis a pesquisas realizadas em outros campos, repensando, assim, sob outra perspectiva, a sua própria linguagem.

ASSUNTO(S)

corpo humano no cinema body language pensamento movimento cinema linguagem movement thoughts cinema

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