Testes prognosticos de rejeição e doença do enxerto contra o hospedeiro em transplantes de celulas progenitoras hematopoieticas com doadores HLA identicos / Jeane Eliete Laguila Visentainer

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

O transplante alogênico de células progenitoras hematopoiéticas é o tratamento de escolha para muitas doenças hematológicas e imunodeficiências primárias. A seleção de doadores é baseada na definição de moléculas HLA-A e B por sorologia, de alelos HLA-DRB1 e DQB1 por técnicas de biologia molecular e na cultura mista de linfócitos. Apesar disto, a doença do enxerto contra o hospedeiro (GVHD) é ainda uma grave complicação, que ocorre em aproximadamente 35% dos receptores de medula HLA-idênticos. O presente estudo teve por objetivo avaliar o poder prognóstico da ocorrência de rejeição e GVHD dos seguintes testes laboratoriais: (1) cultura mista de linfócitos clássica (CML) e potencializada com citocinas exógenas (CMLp); (2) tipagem de genes de citocinas, pela técnica de PCR-SSP e (3) seguimento do nível sérico de citocinas dos pacientes transplantados, empregando-se métodos imunoenzimáticos quantitativos. No estudo, foram avaliados 118 transplantes, com doadores HLA-idênticos, realizados no Centro de Hematologia e Hemoterapia e Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas, de agosto de 1994 a fevereiro de 2002. Na CMLp, a resposta dos linfócitos do doador contra as células do receptor (DxR) foi aumentada 1,9 e 4,1 vezes, com a adição de IL-4 (100 hg/mL) e IL-2 (10 hg/mL), respectivamente. Todavia, a resposta do doador contra suas próprias células (DxD) também sofreu um incremento de 2,0 e 6,4 vezes, respectivamente. Como o tratamento avaliado também induziu aumento das respostas autólogas, o emprego da CMLp não trouxe vantagens adicionais ao método tradicional (CML), que mostrou correlação com a incidência de GVHD crônica. A análise do polimorfismo dos genes reguladores de citocinas mostrou que, os genótipos de TNF-a-308, IFN-g+874, IL-6-174, IL-10-1082, -819, -592 e TGF-b1+869, +915 não foram associados ao risco aumentado de GVHD aguda e rejeição, enquanto o fenótipo de baixo produtor de IL-6 mostrou associação com GVHD crônica. O acompanhamento da variação dos níveis séricos de sIL-2R, IL-6, IL-10, TNF-a, IFN-g e TGF-b1 dos receptores até 15 semanas pós-transplante revelou que, os níveis médios de sIL-2R e IL-10 foram maiores no grupo que desenvolveu GVHD aguda (776,4 ± 65,5 rg/mL e 10,9 ± 3,3 rg/mL) em relação ao grupo que não desenvolveu esta doença (541,1 ± 17,3 rg/mL e 2,5 ± 2,2 rg/mL). Os níveis de sIL-2R no período de ?pega? do enxerto (1.165,0 ± 179,2 rg/ml vs. 578,0 ± 47,2 rg/ml) e ao tempo da GVHD aguda (926,4 ± 142,5 rg/ml vs. 496,5 ± 48,7rg/ml) também diferiram entre os grupos. A cinética destas citocinas também revelou que os níveis de TNF-a e TGF-b1 foram correlacionados com GVHD aguda. Nas primeiras semanas após o transplante, os níveis de TNF-a foram associados a GVHD aguda (72,7 ± 2,6 rg/mL vs. 38,1 ± 1,7 rg/mL). Nas últimas semanas, os níveis de TGF-b1 foram menores no grupo que desenvolveu a GVHD aguda (7,5 ± 1,4 hg/ml), comparado ao grupo sem a doença (17,0 ± 1,6 hg/ml). Assim sendo, o monitoramento dos níveis séricos de sIL-2R, IL-10, TNF-a e TGF-b1 poderia fornecer ao clínico um indicativo do risco de GVHD aguda, enquanto a genotipagem de IL-6-174 poderia oferecer um novo método para identificar pacientes ao risco de GVHD crônica

ASSUNTO(S)

transplante celular testes

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