Terapêutica medicamentosa e suas implicações para os portadores de transtornos mentais: uma via de mão dupla

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Trata-se de um estudo de caso, qualitativo, fundamentado nos pressupostos da Sociologia Compreensiva. O objetivo do estudo é o de compreender a adesão à terapia medicamentosa na perspectiva do portador de transtorno mental e do familiar/cuidador. Os cenários da pesquisa foram um Centro de Referência em Saúde Mental (CERSAM) e três Unidades Básicas de Saúde do município de Belo Horizonte, Minas Gerais. Os sujeitos da pesquisa foram treze pacientes com diagnóstico de esquizofrenia e dois familiares que convivem com esquizofrênicos. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, submetidos à análise de conteúdo e organizados em três categorias temáticas envolvendo os seguintes aspectos que influenciam na adesão ao tratamento: 1) Implicações da doença, da família e do trabalho; 2) Experiência do portador de transtorno mental quanto ao uso da medicação; 3) Trajetória de atendimento do portador de transtorno mental. A primeira apontou para certo conhecimento do paciente em relação à esquizofrenia, com restrições na aceitação, atribuindo outros sentidos à doença, como a concepção do nervoso. Percebeu-se o familiar/cuidador também vulnerável ao adoecimento, às vezes pela situação de estresse gerada pelo convívio diário com o paciente. O trabalho é visto como auxiliar no tratamento do esquizofrênico. A segunda abordou a não-adesão ao tratamento, considerando-se a percepção dos efeitos adversos dos medicamentos; a crença de que estão fazendo mal; a melhora dos sintomas; a automedicação; o uso de drogas psicoativas e a busca de terapias alternativas. Todos reconhecem a necessidade do tratamento medicamentoso, que surge como coadjuvante, para o portador de transtorno mental, que revela seu autodomínio como determinante do sucesso ou não de seu tratamento. A terapia medicamentosa configura-se como uma via de mão dupla, pois é percebida pelo paciente como uma possibilidade para sentir-se normal ou entrar em crise. A terceira evidenciou relatos da trajetória de internações nos hospitais psiquiátricos e, posteriormente, experiências positivas nos atendimentos dos serviços substitutivos. O acesso aos medicamentos na rede pública de saúde, no SUS-BH, também foi apontado como um fator de melhora no atendimento, tanto pelo abastecimento regular como pela atenção dispensada pelos profissionais das farmácias das Unidades de Saúde.

ASSUNTO(S)

recusa do paciente ao tratamento decs esquizofrenia/quimioterapia decs estresse psicológico decs cuidadores/psicologia decs enfermagem teses humanos decs assistência farmacêutica decs saúde da família decs dissertações acadêmicas como assunto decs saúde mental decs pesquisa qualitativa decs enfermagem decs psicotrópicos/uso terapêutico decs

Documentos Relacionados