Ter um filho oficial do exército: uma delegação transgeracional? / To have army officer sons: a transgerationality delegation

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A maioria dos estudos sobre pais discute o desinteresse dos homens, em termos afetivos, pelos afazeres de seu filho. Porém, muito se tem falado sobre a construção de um novo papel de pai, embasado em novas perspectivas de gênero. Surge um pai sensível aos seus filhos e aberto ao diálogo. E o pai com formação militar e sua família não estão isentos dessas modificações sócio-culturais. Enquanto Oficial do Exército lidará com hierarquia e disciplina e, enquanto pai irá transmitir delegações, nos projetos pessoais e profissionais dos filhos. O objetivo geral desta pesquisa consistiu em analisar a influência exercida pelo pai, Oficial do Exército, na decisão do filho homem para seguir carreira militar. Para isso, entrevistamos 20 (vinte) cadetes filhos e netos de militares do Exército e que estão cursando a AMAN. Os dados foram coletados através de entrevista semidirigida realizada com os participantes individualmente. Elas foram transcritas e analisadas com base na técnica de Análise de Conteúdo (MINAYO, 2004), tendo sido identificados 12 (doze) núcleos de sentido. Esses núcleos foram categorias que se destacaram pela freqüência com que os cadetes as verbalizaram, apresentados em consonância com os objetivos específicos da pesquisa, que foram: investigar, na perspectiva do filho militar, as motivações e os sentimentos acerca da carreira militar, assim como, identificar os fatores facilitadores e críticos de sua carreira profissional e analisar as expectativas dele a respeito do futuro do próprio filho. Conclui-se, através dos cadetes entrevistados, o quanto é poderosa a influência do pai nas decisões dos projetos pessoais e profissionais do filho que escolhe ser oficial combatente do Exército. Observou-se o quanto a imagem do pai, homem militar é cultuada e legitimada como objeto a ser perpetuado nas gerações. O menino desde pequeno compreende a identidade masculina como símbolo de força e destemor, representada, inclusive, pela rusticidade da vida militar e o uniforme. Embora saibamos que não podemos generalizar os dados coletados, uma vez que se trata de uma pesquisa de natureza qualitativa, podemos afirmar que esse pai direciona sistematicamente o cotidiano do filho, existindo uma espécie de mito inserido nestas famílias em torno do ser militar, estabelecendo que a meta familiar deverá manter, em pelo menos um dos filhos do sexo masculino um oficial combatente do Exército em cada geração. Observou-se também o modo de interação / expulsão estabelecido na família. Para que a delegação seja cumprida, e assim manter o compromisso de se ter um filho oficial do Exército, é necessário o afastamento, a saída do filho de casa para dedicação exclusiva as atividades militares através do sistema de internato na Academia. Parece - nos existir entre a família e o filho uma espécie de pacto que ora expulsa o filho e ao mesmo tempo rege o modo de vida deste. Esperamos que esse trabalho possa contribuir para a Psicologia Militar e outros estudos, uma vez que quase não há pesquisas voltadas para esse tema

ASSUNTO(S)

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