Tensões entre fonte e campo jornalístico: um estudo sobre o agendamento mediático do MST

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

29/02/2008

RESUMO

Este estudo aborda as relações complexas entre fonte e campo jornalístico, marcadas pelo processo da mediatização, investigando as tensões entre o MST e o campo jornalístico na disputa pela produção de sentido do discurso mediático. Numa perspectiva interacional e conjuntural, o MST é abordado enquanto fonte de informação jornalística ao participar da construção dos acontecimentos, que são produzidos pela afetação mútua com o campo mediático. A pesquisa se desenvolve focando os dois campos, numa dinâmica circular: identifica a visão do MST e sua auto-compreensão na intervenção do acontecimento e suas estratégias para interagir com o campo jornalístico; e a cultura noticiosa acerca do MST, a partir de entrevistas com integrantes do MST e com jornalistas. Analisa a construção mediática do MST na cobertura jornalística da destruição do laboratório da empresa Aracruz, ocorrida em 08 de março de 2006. São analisadas matérias de telejornais da RBS TV, SBT Rio Grande, Jornal Nacional (TV Globo) e Jornal da Band (TV Bandeirantes). Constatamos que o MST sabe da importância da mídia como espaço público e de intervenção na construção das agendas política e pública, daí a visão estratégica em relação à mídia. Observamos que o MST procura se impor como fonte para participar da construção dos problemas públicos, mas, na maioria das vezes, não consegue definir a questão no agendamento mediático. Tende a fazer uma avaliação monolítica da mídia e, conseqüentemente, a adotar uma postura de desconfiança em bloco, uma vez que aquela é vislumbrada como braço das elites. Esta visão tende a politizar de tal modo as relações com a mídia que, por vezes, dificulta o Movimento vislumbrar ações estratégicas para jogar o jogo mediático. Categorizamos o MST como fonte diruptiva, considerando o modo de entrada no agendamento mediático através da promoção de eventos anti-rotina. Há variados graus dessa fonte, no entanto a tendência é que o lugar de fala se reduz ao enquadramento policial ou jurídico, sobre o ato em si e sua (i)legalidade. Concluímos que mesmo ocupando um lugar de fala no discurso mediático, o MST não consegue provocar uma modificação do enquadramento. Sabe que é o conflito o principal critério do campo jornalístico para transformá-lo em notícia e, portanto, demonstra ter conhecimento sobre a existência da pauta padrão, mas isto não implica que há sempre uma auto-compreensão da sua representação no engendramento do acontecimento, o que aponta para uma adesão involuntária ao modelo da pauta padrão.

ASSUNTO(S)

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