Tensão de oxigenio durante o cultivo in vitro de embriões bovinos: efeito na produção e expressão de genes relacionados ao estresse oxidativo

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Apesar dos avanços obtidos nos últimos anos nas técnicas de maturação, fecundação e cultivo in vitro de embriões bovinos, a qualidade dos embriões produzidos in vitro ainda é inferior a dos in vivo. O ambiente de cultivo após a fecundação é considerado responsável pela qualidade dos embriões. Dentre os fatores que podem influenciar o ambiente de cultivo, o estresse oxidativo causado pela alta tensão de O2 tem recebido especial atenção. Atualmente, a maioria dos sistemas de cultivo utilizada para a PIV usa o meio SOFaaci com atmosfera de 5% de O2. Portanto, o presente estudo teve por objetivo comparar a produção de embriões em sistema de cultivo com alta e baixa tensão de O2. Um total de 1118 ovócitos obtidos de ovários de abatedouro foram maturados e fecundados in vitro. Dezoito horas após a inseminação (pi) os zigotos foram separados em 2 grupos. No primeiro grupo (T1) os zigotos foram lavados e transferidos para o meio de cultivo SOFaaci e cultivados por 7 dias em atmosfera de 5% CO2 em ar, à 39C. No outro grupo (T2), os zigotos foram desnudados por pipetagens sucessivas, e transferidos para o meio SOFaaci, onde foram cultivados em atmosfera de 5% CO2 e 5% de O2, a 39C. As taxas de clivagem foram avaliadas 48 horas pi e as de blastocisto em D6 e D7 pi. De ambos os grupos, um total de 94 embriões no estágio de blastocisto expandido em D7 foram fixados e corados com aceto-orceína para contagem do número de células, e 7 "pools" com 15 embriões de cada tratamento, foram congelados para avaliação da expressão de genes relacionados ao estresse oxidativo, sendo superóxido dismutase (Mn-SOD), catalase e glutationa peroxidase (GPX4). Os dados relativos à taxa de clivagem e blastocisto foram analisados pelo teste do Chi-quadrado, os de número de células pela análise de variância e os relativos à expressão gênica, pelo teste t de Student ou teste de Mann-Whitney. A taxa de clivagem foi semelhante (P>0,05) para os grupos sendo 77,4% para o T1 e 79,9% para o T2. A taxa de blastocisto em D6 foi maior (P<0,05) no grupo cultivado em baixa tensão de O2 (40,7%) do que no de alta tensão (33,8%). Entretanto, a taxa de blastocisto em D7 foi similar (P>0,05) para os dois grupos, sendo 44,7% e 47,1% para T1 e T2, respectivamente. O número total de células (T1= 175,654,1; T2= 160,641,8) dos embriões, não variou (P>0,05) entre os dois sistemas de cultivo. A quantidade relativa de transcritos para o gene Mn-SOD foi maior (P<0,05) na presença de alto O2, para a catalase e a GPX4 o nível de expressão foi semelhante nos dois sistemas de cultivo. Esses resultados sugerem que o cultivo de embriões bovinos em meio SOFaaci sob alta tensão de O2 na presença de células do cumulus não afeta a quantidade e qualidade dos embriões produzidos in vitro. É possível que as células do cumulus tenham um papel importante na retirada de substâncias indesejáveis minimizando o estresse oxidativo causado pela alta tensão de O2.

ASSUNTO(S)

reprodução bovino ciencias agrarias embriologia

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