Tendências de agravos crônicos à saúde associados a agrotóxicos em região de fruticultura no Ceará, Brasil

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. bras. epidemiol.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2013-09

RESUMO

O Baixo vale do Jaguaribe registra, a partir do século XXI, a chegada de empresas transnacionais e regionais, induzindo profundas transformações nos territórios, sendo a ampliação do uso de agrotóxicos uma das mais importantes, podendo provocar alterações na reprodução humana, malformações congênitas, além de partos prematuros e recém-nascidos de baixo peso. O presente artigo trata-se de um estudo ecológico, referente ao período de 2000 a 2010, conduzido em alguns municípios do Estado do Ceará, que foi dividido em duas fases: a primeira consiste na construção de séries históricas de indicadores de morbimortalidade e verificação da tendência realizada por meio de regressão linear simples; a segunda compreende o cálculo das razões das taxas entre municípios com alta exposição aos agrotóxicos e municípios de comparação com histórico de pouco uso dessas substâncias. Houve tendência de aumento estatisticamente significante (p = 0,026) das taxas de internações por neoplasias. Ao se analisar as razões de taxas desses mesmos indicadores percebe-se que a taxa de internações por neoplasias foi 1,76 vezes maior nos municípios de estudo em relação aos municípios controle (p < 0,001). Em relação aos óbitos fetais, observou-se uma tendência crescente (p < 0,05) da taxa de mortalidade nos municípios estudados. Os resultados sugerem que houve uma maior morbimortalidade por neoplasias nos municípios com maior consumo de agrotóxicos, podendo ser influenciados pelas transformações produtivas, ambientais e sociais associadas ao processo de desterritorialização induzido pela expansão da modernização agrícola sobre o perfil de morbimortalidade da população do baixo Jaguaribe. Esse processo é reflexo do modelo produtivo químico-dependente incorporado pelas empresas do agronegócio, ampliando a vulnerabilidade da população rural.

ASSUNTO(S)

praguicidas exposição ambiental neoplasias anormalidades congênitas morte fetal saúde do trabalhador

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